O telefone chegou a Porto Alegre em 1886. A Companhia União Telephonica do Brazil inaugurou a linha na tarde de 15 de setembro. A empresa recebeu autoridades e a imprensa na cerimônia realizada na central, montada na esquina das ruas Riachuelo e General Câmara.
O presidente da província, Manuel Deodoro da Fonseca, que três anos depois seria o primeiro presidente do Brasil, foi convidado para testar o novo meio de comunicação. Ligou para as redações de jornais da cidade.
O jornalista Márcio Beyer me enviou a primeira lista de 72 assinantes, publicada um dia depois no jornal A Federação, que em outras edições noticiou a chegada da modernidade. Na estação central, além dos telefonemas do presidente da província, a empresa fez ligações para saudação a outros assinantes.
A Companhia União Telephonica do Brazil operava no Rio de Janeiro, Niterói, Petrópolis, São Paulo e Santos. Na inauguração em Porto Alegre, apenas 12 casas já estavam ligadas à linha.
O serviço foi contratado pelos jornais, órgãos públicos, empresas e famílias ricas, como os Mostardeiro e Chaves Barcellos. O preço da assinatura anual era 120$000. Para efeito de comparação, a assinatura anual do jornal A Federação custava 14$000.
Nos dias seguintes, no ritmo das ligações à rede, a empresa publicava a lista atualizada, com os números dos telefones. As ligações telefônicas não eram diretas entre os assinantes, precisando passar pela central da companhia.
Veja a lista com telefones de apenas um dígito. A Câmara Municipal, que exercia a administração da cidade no Império, era o telefone número 1 e o presidente da província, o número 2. Em 1901, a companhia mantinha 500 telefones em Porto Alegre.
A central ficava em um sobrado, demolido para construção da Biblioteca Pública do Estado.