O Brasil só estreou nos jogos olímpicos em 1920, na sétima edição, realizada na cidade de Antuérpia, na Bélgica. A pequena delegação, formada por 21 homens, participou das competições de natação, remo, polo aquático, saltos ornamentais e tiro. Os atiradores foram "azarões", voltando com medalhas de ouro, prata e bronze, as três primeiras da histórica olímpica brasileira. O feito teve a participação de dois atletas do Rio Grande do Sul.
O alemão Sebastião Wolf e o gaúcho Dario Barbosa voltaram a Porto Alegre com medalha de bronze no tiro de pistola livre de 50 metros por equipe. Em nota publicada no jornal A Federação, o clube Tiro de Guerra Nº 4 convidou para recepção e homenagem aos seus dois atiradores.
A delegação brasileira partiu do Rio de Janeiro no navio a vapor Curvello em 3 de julho. A viagem não foi fácil. Em Lisboa, atiradores precisaram tomar um trem, porque a embarcação não chegaria a tempo das provas na Bélgica. Em 26 de julho, finalmente desembarcaram na sede da Olimpíada. Como parte do material foi roubado durante a viagem, em Bruxelas, os brasileiros precisaram do empréstimo de duas armas da equipe dos Estados Unidos, além da doação de munição e alvos.
Além dos dois moradores do Rio Grande do Sul, a equipe que ficou com o terceiro lugar era formada também por Afrânio Costa, Fernando Soledade e Guilherme Paraense. O Brasil conquistou ainda o ouro com Guilherme Paraense (Pistola Rápida 30m) e a prata com Afrânio Costa (Pistola Livre 50m). As provas foram realizadas em 2 e 3 de agosto no Campo de Beverloo, instalação militar na cidade de Leopoldsburg.
Em notícia enviada ao Brasil, a agência Associated Press escreveu que "foi recebida com grande surpresa a atuação desenvolvida pela equipe brasileira nas provas de tiro", porque os "nomes eram absolutamente ignorados nos meios esportivos europeus".
O presidente da República, Epitácio Pessoa, homenageou a equipe de tiro do Brasil com placa de prata e prêmio em dinheiro. O comerciante alemão Sebastião Wolf estava com 51 anos quando conquistou a medalha de bronze. Ele morreu em Porto Alegre, em 1936, aos 67 anos. O policial Dario Barbosa faleceu em 1965, aos 83 anos. Na polícia gaúcha, ocupou vários cargos.