As irmãs luteranas foram fundamentais para o sucesso do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. As schwestern (irmãs, em alemão) administraram, atenderam e ensinaram por décadas. As diaconisas também atuaram nos hospitais de Montenegro, Sinimbu e Agudo. A trajetória é contada na exposição Schwestern: mulheres protagonistas da história da saúde no Rio Grande do Sul, no Museu de História Julio de Castilhos.
A história das schwestern no Estado começa antes dos hospitais. A grande comunidade de imigrantes alemães luteranos no Rio Grande do Sul buscou ajuda no início do século 20, principalmente para atendimento na área de saúde. Em 1908, na Alemanha, foi fundada a Ordem Auxiliadora de Senhoras para o Estrangeiro. A primeira diaconisa a chegar ao Brasil foi Toni Pohl, que desembarcou no porto de Rio Grande em 1913. A schwester trabalhou junto às famílias da comunidade alemã, prestando atendimentos de saúde e assistência em partos.
Em maio de 1914, a Casa Matriz de Diaconisas de Wittenberg enviou Alma Hoffmann e Lydia Pechmann, que fixaram residência no bairro Navegantes. Elas visitavam a doentes, aplicavam de injeções e faziam curativos, além do atendimento espiritual. Logo, receberam ajuda das mulheres da comunidade luterana da cidade, que fundaram a primeira Ordem Auxiliadora das Senhoras em Porto Alegre.
A presença das irmãs foi maior com a inauguração do Hospital Alemão (Deutsches Krankenhaus), primeiro nome do Hospital Moinhos de Vento, em 2 de outubro de 1927. O projeto era de um hospital para atender a comunidade de imigrantes e de uma Casa Matriz de Diaconisas para acolher as schwestern.
No início, 18 irmãs trabalhavam na nova instituição de saúde, no bairro Moinhos de Vento. Elas ocuparam cargos de diretoria até década de 1960. Na rotina do hospital, atuaram na administração, atendimento de pacientes, nos partos, em exames, lavanderia, jardim, cozinha, recepção, escola de enfermagem, etc.
A schwester Sophie Zink foi a primeira diretora do hospital, de 1927 a 1951. Ela também foi a primeira brasileira a ingressar na Ordem Auxiliadora de Senhoras para o Estrangeiro, na Alemanha. A sexta de sete filhos de casal de imigrantes alemães decidiu dedicar a vida à saúde depois que a família enfrentou tifo e febre amarela. Natural do interior de São Paulo, viajou a Wittenberg para a formação em enfermagem e ingresso na irmandade.
Atualmente fora de uso, o hábito já foi uma das marcas para identificação das schwestern. As irmãs formadas na Alemanha utilizavam a touca com babados. No caso das formadas no Brasil, a aba era lisa.
Em 1939, foi inaugurada a Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, eliminando a necessidade de viajar para formação em Wittenberg. A última schwester a usar o hábito no Hospital Moinhos de Vento foi Ires Spier, que se aposentou em 2021. Hoje, três irmãs atuam atividade pastoral da instituição de saúde.
O Hospital Moinhos de Vento, que preserva o legado das schwestern, organizou a exposição, que ficará aberta ao público até o final do ano.
Schwestern: mulheres protagonistas da história da saúde no Rio Grande do Sul
- Onde: Museu de História Julio de Castilhos (Rua Duque de Caxias, 1.205)
- Horário: de terça a sábado, das 10h às 17h (quartas-feiras, até 19h)
- Quando: até o final de 2024
- Ingresso: entrada franca