Os brasileiros foram às urnas há 30 anos para escolher forma e sistema de governo. No feriado de Tiradentes, em 21 de abril de 1993, marcaram dois votos nas cédulas de papel. Na forma de governo, deveriam escolher entre república e monarquia. O voto do sistema tinha as opções de presidencialismo e parlamentarismo.
Incluída na Constituição de 1988, com apoio de parlamentaristas, a consulta pública foi proposta pelo deputado federal Antônio Henrique Bittencourt Cunha Bueno (PDS-SP), defensor da monarquia. Inicialmente, estava marcada para o 7 de setembro de 1993, mas acabou antecipada.
Pela lei de regulamentação, sancionada pelo presidente Itamar Franco, as frentes do parlamentarismo com república (presidente e primeiro-ministro), presidencialismo com república (somente presidente) e parlamentarismo com monarquia (rei e primeiro-ministro) deveriam ser organizadas sob a forma de sociedade civil, com estatuto e programa definindo as características básicas da forma e do sistema de governo. Por dois meses, as propagandas foram veiculadas em emissoras de rádio e TV.
Em meio a denúncias de propagandas enganosas, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Paulo Brossard, precisou agir, fazendo manifestações em rádio e TV. Em vídeo da Agência Senado, veja propagandas das três frentes:
O voto era obrigatório para maiores de 18 anos. Mesmo assim, um em cada quatro eleitores não compareceu. A Frente Republicana Presidencialista, coordenada pelo senador Marco Maciel (PFL-PE), venceu com larga vantagem, como já apontavam as pesquisas. Pelos dados do TRE, assim ficou o resultado:
Forma de governo
República 66,26%
Monarquia 10,25%
Nulos 13,20%
Brancos 10,29%
Sistema de governo
Presidencialismo 55,67%
Parlamentarismo 24,91
Nulos 14,58%
Brancos 4,85%
Com o resultado do plebiscito, o presidente Itamar Franco saiu fortalecido. Um mês depois da votação, o parlamentarista Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda e comandou o Plano Real. FHC foi eleito presidente da República em 1994 e Marco Maciel foi o vice.
Quem seria o rei em caso de vitória da monarquia?
A Revista Manchete apresentava Pedro Gastão de Orléans e Bragança como D. Pedro III. Ele era neto da princesa Isabel. Mesmo assim, em reportagem da época, a revista explicou que, na verdade, ninguém sabia como seria escolhido e quem assumiria o trono.
O Congresso Nacional provavelmente faria a escolha entre um dos descendentes dos Orléans e Bragança. Na família, dois ramos disputavam o direito ao trono. Pesava contra D. Pedro Gastão, o fato do pai ter renunciado ao direito de sucessão por "si e seus descendentes".