No sótão de um apartamento em Porto Alegre, ressurge um ícone das ferrovias gaúchas. Em miniatura, o trem Minuano circula por trilhos, cruza túneis e passa por belas paisagens. Construído nos mínimos detalhes pelo engenheiro civil e ferromodelista Dario Regius von Péterffy, é uma volta aos tempos áureos do transporte de passageiros pelas estradas de ferro.
A paixão do engenheiro pelos trens começou ainda na infância. No Natal de 1967, aos seis anos, ganhou do pai o primeiro trem elétrico, da fabricante ATMA. A coleção crescia a cada ano, com presentes enviados pelo avô, que morava na Alemanha. O ferromodelismo virou um hobby.
O ferromodelista não sabe o número exato, mas estima que tem 300 unidades, entre locomotivas e vagões. Conseguiu a coleção completa da ATMA, que encerrou atividades na década de 1970. Nas últimas décadas, comprou muitos trens produzidos pela Frateschi. No apartamento, faz rodízio dos trens na maquete construída com vários cenários.
Depois de comprar tantas reproduções de trens nacionais e internacionais, sentiu faltava de um. Não chegou a viajar no Minuano, mas lembra de levar o pai até a estação de Porto Alegre para embarcar no trem, o primeiro com motores movidos a óleo diesel nas ferrovias gaúchas. Com base em fotos e pesquisa das características, por seis meses, trabalhou para reconstruí-lo em miniatura, com 71 centímetros de comprimento. Pela escala padrão de 1:87, o original era 87 vezes maior.
O projeto foi desenvolvido no computador para impressão em 3D. O engenheiro teve a preocupação com o acabamento e a pintura tradicional, nas cores creme e vermelha. Na parte elétrica, em destaque, o farol acima da cabine do condutor.
Comprado pela Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS), o Minuano, rápido como o vento, começou a circular em 1954. Os trens diesel-hidráulicos da alemã MAN (Maschinenfabrik Augsburg-Nürnberg AG) foram fornecidos pela empresa Indústrias Reunidas Ferro e Aço (IRFA), do Rio de Janeiro. Eles eram compostos de três partes, com 120 lugares no total. O bar com cozinha ficava no vagão central. O último Minuano saiu de operação em 1981, de acordo com histórico da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). Nenhum sobrou, todos viraram sucata.
Em miniatura, pelo menos, o famoso trem voltou para preservar esta parte da história.
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