Volta e meia, a mãe do Badanha é colocada em uma conversa entre gaúchos. Uma expressão regional que pode ser usada em diversas situações, desde uma brincadeira entre amigos até uma curta e estúpida resposta de um desconhecido. Quem é responsável pela bagunça? O debochado dirá que é a mãe do Badanha. Quem pode resolver o problema? O sujeito sem paciência ou reposta correta gritará que é mãe do Badanha.
Em 1965, em crônica de um jogo do Inter com o Fluminense, o jornalista Sérgio Jockyman escreveu no Diário de Notícias que um jogador do clube carioca "driblou toda a defesa do Inter, até a mãe do Badanha". Em pesquisa nos jornais antigos, localizei a expressão a partir da década de 1950. Badanha foi um jogador de futebol, chegou a vestir a camisa da seleção gaúcha. Um centromédio, quando os volantes eram chamados de centromédios.
Sylvio Luz Cauduro, o Badanha, fez carreira em times da capital gaúcha. Ele vestiu as camisas dos clubes Porto Alegre, São José, Grêmio e Renner entre o final da década de 1930 e na década de 1940. Em 1950, já aparecia novamente na escalação do time amador Gloriense, do bairro Glória, onde disputara as primeiras partidas de futebol na adolescência.
Em 1942, os jornais do Rio de Janeiro davam como certa a contratação do jogador porto-alegrense pelo América. O periódico A Noite chegou a publicar a manchete "Badanha vem aí". Pelo jeito, o Grêmio foi mais rápido e o tirou do São José. Badanha fez parte do time que conquistou o primeiro título profissional do Renner, em 1947. Ele foi campeão do Extra, como chamavam o primeiro turno do Citadino.
Badanha deveria proteger a defesa do time, mas quem levou a fama foi a mãe. Reza a lenda que ela marcava mais do que Guinãzu e Dinho juntos. Em uma época em que o futebol começava a ser profissional, a mulher seria linha-dura nas negociações com os cartolas. Quando começou a trabalhar no final da década de 1960, o jornalista Cláudio Dienstmann, um pesquisador do nosso futebol, recorda da expressão "mãe do Badanha" já estar consolidada entre os porto-alegrenses. Ele conta que a mulher teria ficado com a fama de chata nas redações esportivas. A mãe considerava o filho "um craque" e reclamava das análises sobre o desempenho do filho em campo.
Quando aparecia na portaria dos jornais, logo diziam: "lá vem a mãe do Badanha". Dienstmann acredita que as rádios ajudaram a popularizar a expressão. Com o tempo, surgiram derivações como "a vó do Badanha" e "a casa do Badanha".