Leandro Staudt

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Desde o ano 2000 na Rádio Gaúcha, é apresentador do programa Gaúcha+. Sempre curioso sobre a vida no passado, o jornalista adora boas histórias. Na coluna em GZH traz curiosidades sobre fatos, lugares, empresas, produtos e pessoas.

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O fim de uma mansão sem herdeiros

Solar dos Costa foi ponto de encontros políticos e da elite de Cruz Alta

Leandro Staudt

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A população comentava pelas ruas de Cruz Alta que a mansão da família Costa era mal-assombrada. Por quase três décadas, o imponente prédio na esquina das ruas João Manuel e General Câmara ficou desocupado, sem qualquer manutenção. O abandono, depois da morte da família, deu a fama ao local. Os mais curiosos e, é claro, corajosos conseguiam entrar e explorar os ambientes, observar afrescos e quadros pintados à óleo. Podiam imaginar como era a vida da família de Marcos Prado Costa, gerente da agência do Banco Pelotense na cidade.  

A residência conhecida como Mansão da Família Costa ou Solar dos Costa foi erguida em 1918 pelo construtor Edvaldo Carpes. Em dificuldades financeiras, ele vendeu ao gerente do banco. O médico e pesquisador Alfredo Roeber, responsável pelo Projeto Nossa Velha-Nova Cruz Alta, conta que a casa era considerada por muita gente a mais bonita da cidade. Ele lembra que a residência foi construída "com as mais modernas técnicas da época, com detalhes arquitetônicos refinados e contando, inclusive, com afrescos pintados por famoso artista plástico pelotense, além de um jardim maravilhoso, com magnífico chafariz e uma escadaria majestosa".

A escada foi cenário para foto da visita do líder republicano Borges de Medeiros, que participou de reunião na casa em 1934. O local era ponto de encontros políticos e da elite regional.

Reprodução / Acervo Alfredo Roeber
Na escadaria do Solar dos Costa, Borges de Medeiros, ao centro, durante visita em 1934

No livro Dicionário de Cruz Alta - Histórico e Ilustrado, Rossano Viero Cavalari  conta que Marcos Prado Costa nasceu em 1870, em Cruz Alta.  Casou com Emília Bessa em 1893.  Costa foi "um dos mais influentes homens da cidade no início do século 20". Fazendeiro, abriu lojas e  foi o gerente da agência do Banco Pelotense.

Costa e a esposa Emília tiveram dois filhos, Astrogildo e Teócrito, que não casaram nem tiveram filhos. Com a morte do casal e do último herdeiro, na década de 1960, a mansão ficou abandonada, sem destino definido. Mesmo com o desejo da família Costa de que a casa abrigasse um lar para meninas órfãs, não foi este o destino. O prédio foi leiloado e, em 1994, demolido. Ironicamente, uma agência bancária funciona hoje no prédio novo construído no terreno. 

A bela mansão ficou na lembrança dos mais antigos e nas fotografias. 

Alfredo Roeber / Arquivo Pessoal
Retrato com Marcos Costa, a esposa Emília e os filhos Astrogildo e Teócrito

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