O Ministério da Saúde fez, em 1995, uma campanha contra a Aids que provocou muita polêmica. Sem redes sociais para reclamar, indignados, 34 brasileiros telefonaram para o Ministério Saúde nos dois primeiros dias de exibição do vídeo publicitário na televisão. Em comum, eles tinham o nome: Bráulio. Mães também reclamaram que filhos viraram alvo de chacota na escola.
A campanha "Viva com prazer. Viva o sexo seguro." queria fazer uma comunicação direta, com uma linguagem popular. O objetivo da propaganda era incentivar o uso de camisinha, focando em homens de 20 aos 40 anos. O nome Bráulio foi escolhido para denominar o pênis. O ator contratado para a peça publicitária conversava com o Bráulio, ensinando como colocar o preservativo. No rádio, Genival Lacerda foi contratado para cantar o Melô do Bráulio.
Quem não sabia a forma correta de usar a camisinha, provavelmente, aprendeu com aquele vídeo que foi direto ao ponto. O problema é que os Bráulios viraram alvo de brincadeiras.
O ministro da Saúde, Adib Jatene, reconheceu o erro. Na época, ele disse que até analisaram o risco de constrangimento e processos, mas o aval foi dado. Outros nomes chegaram a ser cogitados, como Tonho, Mauro, Petrônio, Bimbo, Oscar, Bastião e Ricardão. O governo justificou a escolha de Bráulio por ser "másculo, sonoro, de fácil assimilação e entonação, simpático, e principalmente incomum".
Depois de três dias no ar, entre 14 e 16 de setembro, a campanha foi suspensa para a retirada do nome Bráulio. A agência de publicidade Master, de Curitiba, recebeu outras sugestões de apelidos. Considerando que continuaria causando constrangimento, o pênis ficou sem nome.
A polêmica foi parar na Justiça. Em 2001, por exemplo, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região manteve decisão de primeira instância da Justiça Federal de Porto Alegre e rejeitou indenização para um homem de nome Bráulio, que alegou dano moral com a peça publicitária.
A campanha com o nome Bráulio, mesmo por poucos dias no ar, representou acréscimo de 40% nas vendas de camisinhas em 1995 no Brasil.
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