Bater o minguinho na quina de um móvel dói. Prensar o dedo na porta do carro, meu Deus, como dói. Tomar a decisão de entrar no chuveiro em pleno inverno gaúcho, com 3ºC, Ave Maria, é a dor da alma.
Mas preciso dizer que, do auge dos meus 37 anos, poucas coisas doeram mais, pra mim, que o início da amamentação. E, calma, antes que o cancelamento venha, é fundamental esclarecer que aqui fala uma entusiasta do aleitamento materno. Gabriel, meu filho, chegou aos seus 18 meses de vida lindo, forte e saudável, apaixonado pelo tetê da mamãe.
Faço questão de contar que minha jornada teve um início bastante difícil para contrapor à ideia romântica – e, a meu ver, equivocada – de que amamentar é fácil e instintivo.
Eu, ainda grávida, caí nesse conto. Acreditei que por ter seio grande largaria em vantagem na corrida do “mamá” e subestimei as dificuldades que viriam ali adiante. Na minha cabeça, a criança nasceria, o peito jorraria leite e meu filho sairia bem alimentado. Ah, a mãe iludida!
Eu havia lido todos os manuais. Assisti a palestras e cursos. Contudo, na prática, não sabia nada sobre a “pega correta”, sobre como segurar o bebê da forma mais funcional, sobre as intermináveis mamadas da madrugada. Lembro como se fosse hoje de quando senti a fisgada no seio já bastante machucado. Urrei de dor. Passei a parar de julgar quem desistia da amamentação.
Em meio à angústia, fui abraçada por mães (sempre elas!) e por amigas que estavam anos à frente na jornada. A mim, explicaram que para elas também havia sido desafiador, me deram dicas valiosas. É o que sempre digo: a rede de apoio mais poderosa do mundo é composta por mulheres que acolhem outras mulheres.
Nesse caminho, conheci a Aline, consultora de amamentação, que teve a paciência de me mostrar que o narizinho do bebê deve apontar para o ombro da mãe, que a mão contrária ao seio é a que melhor segura a cabeça do recém-nascido e que, sim, a primeira pega seria um pouco mais dolorida, mas aos poucos deveria ir aliviando. Caminhamos juntas.
Eu sei, a gente se sente só. Parece que é só contigo. Parece que todas as demais mães têm fotos sorrindo amamentando, enquanto você sequer consegue ir ao banheiro. Calma. O caminho é de aprendizado pra todas. E, juro, fica mais fácil se a gente se acolher.
Amamentar é a coisa mais difícil que eu já fiz. E, sem sombra de dúvida, a mais poderosa também.
Aquele abraço
Se você é mãe e já conseguiu superar o início da amamentação, este recado não é pra você. É dirigido às mamães puérperas. Força. Sinta-se abraçada. Procure ajuda. A jornada inicia dolorida, mas é do futuro que eu venho te dizer que vale a pena. Depois de um tempo, eles sorriem e te fazem carinho com aquelas mãozinhas bem pequenas. É como se o mundo parasse pra te dizer: fica tudo bem.
A melhor mãe
Se você é mãe e não conseguiu amamentar no peito, meu abraço vai ainda mais apertado. Lembre-se de que o vínculo materno se constrói em cada colinho, em cada troca de olhares com nosso nenê. Não se compare. Como diz a escritora Rafaela Carvalho, a comparação é o ladrão da felicidade. Seu filho tem uma única certeza: a de que você é a melhor mãe do mundo.
Feed Saúde
Conta Essa História Pra Mim?
Contar histórias para os filhos antes de dormir é um hábito que muitos pais e mães cultivam. Com a tecnologia, a contação de histórias ganhou novas possibilidades e uma série de podcasts surgiram para auxiliar este momento de troca. Nos episódios de Conta Essa História pra Mim, a pedagoga Sandra Storino compartilha a leitura de livros infantis que vão desde clássicos, como Chapeuzinho Vermelho, até sucessos recentes como Gildo, da autora paulista Silvana Rando. Com sonoplastia caprichada e uma linguagem que respeita a inteligência das crianças, o podcast é um convite para conhecer histórias e aumentar a biblioteca dos pequenos.
O Poder do Afeto
O educador e psicanalista Thiago Queiroz é conhecido na internet pelo canal Paizinho, Vírgula! - Família e Infância, em que compartilha dicas sobre paternidade. Seu último livro, O Poder do Afeto, é fruto de um curso em que o autor acompanhou pais e mães por três semanas, exercitando reflexões práticas para uma parentalidade mais ativa e amorosa. O resultado foi um livro que traz dicas e provocações que prometem colocar toda a família para pensar sobre a infância e as possibilidades que uma escuta mais atenta aos filhos pode trazer para a saúde mental das gerações futuras.
Bebês em Foco
Nesta série documental, cientistas, pediatras e pais investigam e exploram as possibilidades de diferentes etapas do desenvolvimento dos bebês desde a vida intrauterina. Com experimentos científicos que mostram a extrema capacidade de aprender novos hábitos e resolver problemas complexos, cada episódio é um convite para pesquisar ainda mais sobre as maravilhas da natureza e o que a ciência está preparando para desempenharmos de forma ainda mais efetiva um crescimento saudável para as crianças.