Era final de tarde de segunda-feira quando a professora Diná Hadres foi brutalmente assassinada, com dois tiros no peito. Ela, que estava aposentada após anos de dedicação na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio José de Fraga, havia saído para buscar o marido ao final do expediente dele. Diná o aguardava no carro, junto à filha. Morreu atacada por dois criminosos que anunciaram um assalto. Ela pedindo por socorro e chamando pelo nome do companheiro.
O veículo da vítima não foi levado.
Até quando vamos ter que conviver com a violência escancarada nas nossas vidas? Como pode ser normal contar mais um caso de latrocínio sabendo que não foi o primeiro, nem será o último? Quem devolve a paz para a filha que viu a mãe ser morta em sua frente? Ou ao marido por quem ela chamou nos últimos instantes de vida? Como explicar a crianças pequenas que uma professora perdeu a vida porque pediu socorro em meio a um assalto?
É duro, mas foi isso que tiveram que explicar aos alunos da escola municipal nesta manhã. Explicar que a professora havia partido e que assaltos acontecem, e que as crianças têm que saber que a orientação é não reagir, deixar "levar tudo".
É triste e é também atordoante saber que casos como este, infelizmente, continuarão tirando a vida de pessoas como a professora Diná, que dedicou a vida a ensinar crianças, adolescentes e até adultos que não tiveram oportunidade e acesso à educação na escola convencional na idade apropriada. Gente que não tem culpa alguma pela realidade violenta a que somos submetidos.
Há de se abraçar a comunidade escolar, a família de Diná e os moradores de Portão, ainda consternados pela morte. Mas há de se cobrar respostas do poder público para um enfrentamento muito mais sério à violência, além de uma responsabilização imediata dos culpados deste crime.