Com a desistência de João Doria, anunciada em pronunciamento na segunda-feira (23), ficou aberto o caminho para que Eduardo Leite seja o candidato do PSDB à Presidência da República em 2022. Mas, diferentemente do cenário de poucos meses atrás, ainda há um longo caminho de conversas pela frente, em especial por conta do cenário eleitoral gaúcho.
Leite, que havia declinado da ideia de disputar o Planalto — e divulgou nota oficial explicando a decisão —, agora voltou a ser procurado pelos líderes tucanos, mas pessoas próximas dizem que ele está realmente preocupado com a eleição no Rio Grande do Sul.
Como assim? Explica-se: Leite foi procurado por lideranças políticas e empresariais com o apelo para que reconsiderasse a ideia de não concorrer à reeleição. E tem pensado seriamente sobre isso.
Sobre o PSDB nacional, o caminho sem Doria era desejado por expressivo grupo do partido, mesmo tendo ele vencido as prévias contra o gaúcho, em novembro de 2021. Quem conversou com algum tucano nos últimos meses recebeu sempre a mensagem de que, de alguma forma, o candidato não seria o ex-governador de São Paulo. Exatamente como ocorreu.
O partido, aliás, rachou nessa discussão interna. Com Eduardo Leite tendo renunciado ao governo gaúcho, ficou evidente que havia uma articulação interna para fazer dele o postulante ao Palácio do Planalto. Doria, por óbvio, não gostou. Com o clima pesado, Leite declinou da ideia de "passar por cima" do vencedor das prévias e ficar com a pecha de "mau perdedor". Nos bastidores, a avaliação de interlocutores é de que o tema, de fato, foi mal conduzido pelos líderes nacionais tucanos e ficou "muito ruim".
Sob esta perspectiva, Leite estaria mais longe do caminho da disputa à Presidência e mais próximo da ideia de se colocar de novo na disputa estadual. Mas, faltando pouco mais de dois meses para as convenções partidárias (quando se definem oficialmente os candidatos), ainda há um longo caminho pela frente. E até lá tudo pode acontecer, inclusive nada.