É de corar o Papa o áudio em que o prefeito Gilberto Braga, do município de Luis Domingues (MA), conta que um pastor solicitou R$ 15 mil e um quilo de ouro pela liberação de recursos do Ministério da Educação. O caso que ganhou as manchetes nos últimos dias foi revelado pelo jornal O Estado de São Paulo e relata a existência de um gabinete paralelo no MEC, formado por pastores que ajudavam a decidir para onde o dinheiro da Educação brasileira deveria ir.
Na reportagem, assinada por Breno Pires, Julia Affonso e André Shalders, o escândalo é descrito com detalhes. Conforme a apuração, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura negociam com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia. Tudo com aval do ministro Milton Ribeiro e, segundo o próprio, por determinação do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Na prática, a distribuição de dinheiro desprezava as necessidades reais da população, enquanto privilegiava os amigos do rei. A propina pedida em ouro não deixa dúvidas sobre o tom das conversas.
Aliás, aqui cabe sublinhar: não é a Bíblia o problema. Pelo contrário. O que os pastores faziam (fazem) vai justamente na direção contrária dos ensinamentos do Novo Testamento. Em um episódio bastante conhecido por quem vive a fé cristã, Jesus Cristo se enfurece e expulsa os mercadores do templo. O motivo? Eles estavam usando a casa de Deus para fazer negócios e roubar o povo.
Soa familiar?
Antes os ensinamentos da Bíblia dessem as cartas no governo, como querem nos fazer crer. Narra o Evangelho que Jesus Cristo defendeu os mais pobres, pregou o amor (e não o ódio) e sugeriu que não se misturasse dinheiro com religião: "a Cesar o que é de Cesar". Se a palavra de Deus é a que vale, ao que tudo indica, tem gente que está precisando relembrar.