As cenas ocorridas durante uma confusão na Câmara de Vereadores de Porto Alegre na tarde desta quarta-feira (20) são lamentáveis e expõem uma dicussão inútil. Não que falar sobre o passaporte vacinal fosse desimportante, o tema é absolutamente válido.
Ocorre que a Câmara de Vereadores não tem poder para se sobrepor ao governo do Estado, que foi quem determinou a exigência do passaporte como condição para entrada em determinados locais, estipulados pelo Executivo, como forma de proteger a população do coronavírus.
Portanto, ainda que o município tome alguma decisão (o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, havia vetado a exigência), vale a regra mais restritiva, imposta pelo Piratini.
Ainda assim, mesmo que a discussão fosse válida, é incabível imaginar que uma mordida pudesse auxiliar, qualquer que fosse o debate. Perdemos todos quando se faz política com os dentes.
Em tempo, o vereador Claudio Janta (SD), que relatou ao repórter Eduardo Matos ter sido mordido por um dos manifestantes, contou à Rádio Gaúcha sobre o episódio:
— Nós já sofremos invasões, eu presenciei vários protestos. Mas o que vimos hoje é algo inimaginável. Mordida em vereador é algo que não condiz com a democracia, não condiz com a forma de atuação dessa casa. Hoje foi demais. Estamos defendendo a vida. Não seria necessário ir para as vias de fato, como se viu aqui — afirmou.
Ao repórter Eduardo Matos, o vereador Idenir Cecchim (MDB), que presidia a sessão, disse que um grupo contrário ao passaporte vacinal exibiu cartazes com referências nazistas e que determinou que fossem retirados, quando ocorreu a confusão com pessoas que defendem a exigência da vacinação e alguns vereadores. O público foi retirado do plenário.