O racha no Movimento Brasil Livre (MBL) que culminará com a saída de um dos líderes mais expressivos do movimento — o vereador Fernado Holiday, de São Paulo — se exacerbou a partir da discussão em torno do posicionamento do deputado federal gaúcho Marcel Van Hattem, do partido Novo. Como se sabe, Van Hattem é um dos candidatos à presidência da Câmara, que elegerá o sucessor de Rodrigo Maia.
A informação divulgada pela Folha e confirmada pela coluna é de que Holiday ficou bastante incomodado com a troca de farpas entre Renan Santos, coordenador nacional do MBL, e Van Hattem. Holiday se manifestou publicamente favorável à candidatura do parlamentar do partido Novo. Até aqui, os dois nomes com mais chance na corrida de sucessão a Rodrigo Maia são: Baleia Rossi (MDB-SP, apoiado por Maia) e Arthur Lira (PP-AL, apoiado por Bolsonaro).
Além disso, a discussão sobre apoiar ou não o impeachment de Bolsonaro também se tornou combustível para ampliar a divergência entre membros do grupo.
É que numa entrevista à rádio Jovem Pan, o parlamentar gaúcho foi cauteloso ao responder sobre o afastamento do atual presidente, e chegou a dizer que "impeachment sem crime de responsabilidade é tumulto na democracia". Integrantes do MBL reagiram a esse posicionamento. Naquela semana, Van Hattem afirmou estar sendo alvo de uma campanha de destruição de reputação nas redes sociais.
Ali, o racha se estabeleceu de vez.
Nos bastidores, a coluna apurou que a defesa da candidatura de Marcel acelerou uma decisão por parte de Holiday, que já estava descontente com algumas posturas dos colegas. Além de Renan, o deputado estadual Arthur do Val "Mamãe Falei" também se posicionou em tom provocativo a Van Hattem: "Marcel Van Hattem, ninguém está "assassinando sua reputação". O fato é que o muro é um lugar instável. Humilde conselho de quem gosta de você: escolha seu lado. Logo".
No vídeo abaixo, Mamãe Falei abre dizendo que "na guerra, quem fica em cima do muro leva tiro dos dois lados". Van Hattem respondeu, em comentário na própria postagem: "Lamento muito a postura de vocês de só verem "passadores de pano" ou "aliados". Se não se está em algum dos lados, se está em cima do muro. Parece coisa de petista e de bolsonarista fanático. O muro não me pertence". A resposta recebeu mais de 8 mil curtidas.
A coluna procurou o vereador Fernando Holiday que afirmou que sua saída tem mais a ver com as pautas que ele próprio pretende priorizar nos próximos meses:
— Houve realmente a divergência em relação à candidatura (presidência da Câmara)). Mas a saída tem um motivo muito maior. Envolve meus projetos pessoais, de querer discutir mais as pautas LGBTs no meio liberal e também as questões relacionadas à defesa da vida. O MBL não tem essa prioridade no momento — avaliou.
O grupo, cabe lembrar, foi um dos movimentos responsáveis pelas manifestações que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff.