Existe uma razão por trás da mensagem postada nas redes sociais pela ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB) endereçada à ex-líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). A coluna conversou com Manuela na manhã desta quinta-feira (7), enquanto ela se preparava para gravar novos episódios do canal de seu instituto "E se fosse você?", criado justamente para combater notícias falsas e alertar sobre a gravidade da disseminação desse tipo de conteúdo, que ficou conhecido como "fake news".
Manuela reiterou à coluna algo que já havia descrito na carta aberta direcionada a Joice: ela afirma saber como a deputada federal está se sentindo, pois é alvo constante de mensagens de ódio disparadas na rede. Ela chegou a lembrar do episódio em que uma mulher a agrediu enquanto estava com sua filha bebê no colo, durante um show do marido, o músico Duca Leindecker. Mas, para além disso, Manuela pontua um outro ponto e que, para ela, foi determinante para a decisão de publicar a carta aberta a Joice Hasselmann:
— Podemos dizer que ela é uma pessoa que tem uma condição privilegiada, diferente de nós que já havíamos sofrido esses ataques. Ela esteve com essa turma, que promove fake news e ataques nas redes, durante anos. Então eu penso que ela tem a chance de transformar esses ataques, esse sofrimento, em algo além disso. Eu mesma transformei o meu caso num trabalho de combate às fake news (através da criação do instituto). Ela tem o poder de transformar esse episódio em denúncia das pessoas que promovem isso. Todas nós, várias de nós, sabemos como ela está sentindo. E, claro, cada uma trabalha de um jeito. Mas só ela pode transformar esse episódio em algo que identifique quem são os autores dessas barbaridades — contou.
Na última terça-feira, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) subiu à tribuna da Câmara dos Deputados para atacar o que chamou de "gangue" que comanda "um massacre público" contra ela no "submundo da internet". A deputada afirmou que, hoje, o que existe no país é a "república do Twitter" e a "república da filhocracia", e chorou ao relatar que os ataques chegaram a seus filhos e foi apoiada por integrantes da oposição.
— Nunca fui de me vitimizar, nunca. Mas foi a primeira vez que eu realmente me senti vítima do mais sujo machismo, do mais sujo machismo: encomenda de dossiês falsos, montagens. A minha família não vai passar por isso. Eu não vou permitir. Não tivessem mexido com a minha família, talvez eu até amenizasse, mas não o farei — afirmou.