A musa da escola de samba Unidos de Vila Maria, de São Paulo, Erika Canela disse ter sofrido muito com a decisão, comunicada a ela pela direção da escola, de que não poderia desfilar no Carnaval deste ano. O motivo: uma tatuagem com a imagem do presidente Jair Bolsonaro.
— Estou mal mal até hoje. Chorei muito. Porque é algo que eu sonhava desde criança. Desde os seis anos de idade eu ficava assistindo Carnaval, sozinha. Meu sonho era desfilar. Eu mesmo havia feito a minha roupa para o ensaio técnico — contou à coluna.
A decisão, segundo ela, veio após uma repercussão negativa nas redes sociais, quando apresentou a tatuagem em alusão ao presidente brasileiro. No desenho, o presidente está fazendo um símbolo de armas com as mãos.
"Burra do c*** , mulher, negra e de direita vc tá na base da pirâmide social sua ignorante", escreveu uma seguidora. Em outro comentário ofensivo, uma seguidora comemorou o fato de ela ter sido impedida pela escola de desfilar: "Bem feito, vai apoiar machista, racista, homofóbico, xenofóbico e misógino no inferno".
— A escola entrou em contato comigo e falou que seria melhor assim, que tinha medo até de linchamento, que as pessoas estavam raivosas, porque eles (a escola Unidos da Vila Maria) têm um carinho enorme por mim. E eu, por respeitar a escola, eu nem dei entrevistas, nem nada (na data em que foi comunicada sobre a decisão) — explicou.
Em conversa com o programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (26), Erika lamentou as mensagens ofensivas e ameaças que recebeu nas redes sociais:
— O que pesa mais é a intolerância das pessoas. Muita gente começou a me xingar, ofensas (após a tatuagem). Muita gente me ameaçava, me xingava, fala que eu era uma fascista — contou.
Erika explicou ainda que o apoio a Bolsonaro vem desde a campanha eleitoral, em 2018. Ela justifica o apoio ao então candidato à presidência pela postura de combate à impunidade no Brasil.
— O Brasil hoje não tem lei, hoje está impune. As pessoas matam, estupram, nada é feito, daqui a pouco estão na rua. Foi por conta dessa impunidade. Votei nele (Bolsonaro) porque esse é o maior legado dele, de estar acabando com essa impunidade — disse.