A tela acima, de um pintor chamado W. Silveira, é uma das relíquias expostas na Bibliotheca Pública Pelotense, no sul do Estado. O quadro retrata o estrago causado pelas inundações de 1941 em Pelotas, município que hoje - como a maior parte do Estado - revive o drama de 83 anos atrás.
Com mais de 2 mil pessoas em abrigos e a água tomando a cidade, a prefeitura decretou calamidade pública na última segunda-feira (13). A antiga pintura nunca foi tão atual, com traços ainda mais dramáticos, reforçado pelo avanço das mudanças no clima.
— A tela faz parte do nosso acervo e foi doada há muito tempo. Os detalhes, infelizmente, se perderam, mas é uma imagem emblemática, ainda mais agora — diz Lisarb Crespo da Costa, diretora-presidente da instituição.
Fundada em 1875, a biblioteca tem 71 mil títulos e cerca de 40 obras de arte, além de jornais dos séculos 19 e 20 (inclusive com notícias da fatídica enchente) e de um museu com itens históricos.
Em uma das tempestades de 2023, o prédio teve o telhado avariado, e o salão nobre foi afetado pela chuvarada. No momento, o local está a salvo da enchente - ao menos por enquanto. Em tempos de emergência climática, do futuro, ninguém sabe.