A revista Time trouxe à tona, em reportagem de capa (veja a reprodução abaixo, de janeiro), um debate mais do que atual, sobre um tema que faz pensar: a epidemia de tagarelice que vivemos.
Estamos falando demais, pelos cotovelos, como nunca, de todas as formas, em todas as plataformas, em um mundo que não apenas incentiva como exige o excesso. De todos, é cobrada uma opinião. Quem silencia, perde visibilidade, seguidores, atenção e relevância. É como se não existisse.
O sucesso é medido pelo número de pessoas que te seguem nas redes sociais - e pela quantidade de curtidas em cada post. Tornar-se um “influenciador” virou objetivo de vida. Fazer vídeos virais, então, nem se fala. Quem se dá bem, expõe ideias em “TED Talks”, conversas que se propõem “inspiradoras” e “disruptivas”.
Isso sem contar os podcasts, aqueles programas de áudio que a gente pode ouvir no celular quando e onde quiser. Já existem 2 milhões deles no ar, sabia? É muito assunto. E é isso o que a Time batizou de “overtalking epidemic”.
Só que tudo o que é “over”, cansa. Até o chocolate preferido. Como a vida se move em ciclos, já há um movimento na direção contrária à da verborragia histriônica. Bem-sucedidos e poderosos decidiram aderir à nova onda. Resultado: quando se manifestam, recebem mais atenção. É o poder de falar menos, quem diria.
Achei curiosas as dicas da Time para os leitores interessados em conter os ímpetos. “Quando possível, não diga nada”, propõe o texto. "Respire, espere, deixe a outra pessoa processar o que você disse”, “procure o silêncio, dê um descanso ao cérebro”, “aprenda a ouvir”.
Tudo isso, é claro, postado nas redes sociais, para todo mundo... comentar (ops!).