
Nilda Gómez entende como poucos o que se passa na cabeça e no coração dos pais de vítimas e dos sobreviventes da tragédia na boate Kiss. Em 2004, ela perdeu o filho, Mariano, aos 22 anos, no incêndio da casa noturna República Cromañon, em Buenos Aires, na Argentina. Lá, 193 pessoas morreram.
Agora, no dia que marca uma década do drama vivido em Santa Maria, Nilda está na cidade, representando a ONG Familias por La Vida, para prestar solidariedade aos companheiros de luta. Nesta sexta-feira (27), a advogada vai participar de um dos debates previstos na programação organizada em memória aos que se foram.
Nilda conta que os 10 anos da tragédia na Cromañon foram muito difíceis para os familiares das vítimas. À época, segundo ela, "muitos pais adoeceram". Mesmo assim, a argentina considera importante a decisão de não deixar a data passar em branco.
— Já enfrentamos essa situação e sabemos que é muito doloroso, mas, se as pessoas não acompanham, se ficam indiferentes, é preciso dar apoio a quem segue na luta. Temos de acompanhar os pais, as mães e os sobreviventes. Só eles sabem o que passaram e podem ajudar a sociedade a prevenir novos casos, evitando que se repitam - diz a visitante.
Em Buenos Aires, pelo menos 15 pessoas foram responsabilizadas pelo incêndio, entre elas funcionários da discoteca e músicos da banda que tocava na ocasião. O representante do governo à época, Aníbal Ibarra, chegou a ser destituído do cargo.
Por aqui, a situação é bastante diferente. O júri que condenou quatro réus pelo incêndio na Kiss foi anulado em agosto do ano passado e todos eles seguem soltos.