A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Quando a professora de moda Luciana Bulcão, com família de origem bajeense, estagiou em uma conceituada revista do segmento em Madri, não imaginava que um dos seus primeiros desafios seria provar que, sim, o Brasil também tem gaúcho. A moda “gaucha” era diretamente ligada a argentinos e uruguaios na Europa, e foi assim que Luciana voltou decidida a “exportar pampa gaúcho” para as passarelas na Itália e Espanha.
Durante o mestrado na Unisinos, se aprofundou em design e território. E assim surgiu a marca Dona Rufina, que traz no DNA mais do que peças em lã ovina, mas a missão de perpetuar a arte tecelã da região.
– Descobri que mulheres que trabalharam com isso a vida inteira estavam enterrando lã por que não tinha procura pelo material e pela mão de obra artesanal – conta Luciana.
Além de preservar o ofício tradicional do RS, a marca dá trabalho a mulheres das região das Missões e da Campanha, que fornecem material e peças sustentáveis, com certificado concedido pela organização Friend of The Earth. A partir daí, foi sucesso: a grife participou de desfiles nas concorridas semanas de moda de Milão e Madri e foi capa da revista online da Vogue Itália.
– Ficaram encantados com a lã orgânica, já que o material sintético virou regra nas redes fast fashion – conta.
A empresária segue contratando e capacitando mulheres para produzir peças com autenticidade.
– Amo a moda autoral gaúcha. Transportamos o Pampa através dela – diz a empresária, que enquanto ajuda a preservar um saber ancestral do RS fortalece a economia colaborativa feminina.