A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Henrique Vieira Soares não hesita quando fala de si mesmo e logo avisa: sua trajetória está ligada à vontade de estudar. Morador da Parada 4 na Lomba do Pinheiro, na Capital, o jovem, que divide a casa com a mãe, começou a pensar cedo nos rumos da sua vida e isso fez toda a diferença para que, agora, aos 18 anos, esteja de malas prontas para se mudar e estudar em Singapura, com uma bolsa de estudos integral.
Enquanto ainda cursava o oitavo ano do Ensino Fundamental na rede pública, Henrique passou a procurar por bolsas e vagas em colégios particulares, tudo por conta própria. Foi aprovado em 2017 para cursar o resto dos estudos no Colégio Farroupilha, com bolsa integral.
— Eu tinha vontade de aprender e me desafiar mais academicamente — conta.
Decidido, em 2020 conheceu e participou de um processo seletivo para a United World Colleges (UWC), mas acabou não passando. A rede, que tem 18 unidades em diferentes países, foi criada em 1962, no contexto da Guerra Fria e procurava, por meio dos espaços de estudos, criar um exemplo de convivência pacífica. Lá, jovens de todo o mundo terminam o "bacharelado internacional", equivalente à conclusão das matérias do Ensino Médio, mas com uma formação mais direcionada e acadêmica. Ao fim do curso, por exemplo, é preciso apresentar uma monografia.
Por conta da pandemia, a UWC, que aceita jovens do 1º e 2º ano do Ensino Médio, abriu exceção para alunos do último ano da etapa. Foi quando Henrique decidiu tentar de novo.
— Quando tentei em 2020, achei que seria minha única chance. Aí eles mudaram o regulamento e eu pensei: "É um sinal".
Henrique estava certo. Depois de quatro etapas de um processo seletivo que envolvia provas, entrevistas e dinâmicas, em janeiro ele recebeu a notícia de que era um dos 13 brasileiros selecionados e embarcaria em agosto para o colégio em Singapura.
— A ficha ainda não caiu — conta.
Exemplo para quem fica
Ouvindo Henrique, não é difícil entender como ele chegou lá. Ao narrar o caminho, conta sobre o apreço pelos estudos e a curiosidade por diversas áreas do conhecimento. Já pensou em fazer Cinema, Química, Psicologia, História e Jornalismo, mas é taxativo sobre com o que gostaria de trabalhar:
— Sempre amei ir pra escola, sempre gostei de estudar. Meu desejo é trabalhar com educação no Brasil — explica.
Perguntado sobre como ele se vê ao concluir a experiência no Exterior, é certeiro novamente:
— Quero voltar e mostrar que pessoas que vêm de onde eu vim também são capazes.