Dionelas, clorofitos, coleus, strelitzias e alamandras são velhos conhecidos do Seu Darci, como é chamado pelos colegas, mas o que ele gosta mesmo é de ver as azaleias no auge: em arbustos redondos, cheios e bem cortados, polvilhados de flores rosadas. Há duas décadas, Darci Figueiró, 69 anos, é jardineiro do Palácio Piratini - que acaba de completar 101 anos de história.
A missão chegou de surpresa. Certo dia, no início dos anos 2000, um emissário da Casa Civil foi até o Jardim Botânico de Porto Alegre em busca de um servidor para cuidar das plantas na sede do governo do Estado. Seu Darci, que trabalhava no local e já havia feito cursos de jardinagem e paisagismo, foi o escolhido. Não perdeu tempo:
— Na segunda-feira seguinte, às 8h da manhã em ponto, me apresentei para trabalhar.
Logo que assumiu a função, ele se dedicou à Fonte da Egípcia, um recanto único, no quintal da ala residencial. Ali, entre ficus e pingos d’ouro, há uma estátua de ferro fundido na forma de dançarina egípcia.
— Os ficus estavam desnivelados. Tirei as medidas e vim com serrote, facão e até machado. Fiz uma poda radical. O pessoal até se assustou, mas, em seis meses, estava tudo novo, lindo de se ver — recorda ele, orgulhoso.
Dali em diante, todos os canteiros passaram por melhorias. Seu Darci mandou vir da Ceasa caixas de begônias, amores-perfeitos, crisântemos e tudo mais que se possa imaginar.
— Fui enfeitando. É importante combinar bem as plantas. E saber o que é de sombra e o que é de sol. A grama preta, por exemplo, precisa de pouca luz — ensina.
Aos poucos, o experiente jardineiro - gaiteiro de mão cheia nas horas vagas, casado com Valdonira há quase 50 anos, com quem tem uma filha -, vem diminuindo o ritmo. Ele já está aposentado, mas ainda não pensa em parar.
— Gosto do que faço. Cuidar das plantas faz bem, dá uma energia boa. Nasci para mexer na terra — conclui Seu Darci, com a tesoura de corte na mão, enquanto poda um paredão verde nos fundos do palácio.