Um dos grandes temores no Brasil com a guerra na Ucrânia foi a possibilidade de paralisação das importações de fertilizantes da Rússia, alvo de sanções do Ocidente. A invasão ocorreu dia 24 de fevereiro e em seguida começaram as represálias econômicas. Março, portanto, foi o primeiro mês cheio do conflito. Mas os dados do portal de estatísticas de comércio exterior do governo federal mostram um resultado aparentemente surpreendente.
Desde o início da série histórica, em 1997, nunca desembarcou tanto adubo russo no país em um mês de março. Foram 685,7 mil toneladas, 13% acima do mesmo período de 2021. No Rio Grande do Sul, a quantidade dobrou. Mesmo assim, o risco de escassez do produto nas lavouras fez os preços dispararem. O volume adquirido pelo Brasil custou US$ 455,6 milhões, valor quase três vezes superior ao desembolsado em março do ano passado. Mas, como as viagens de navios duram semanas, é possível que muitos carregamentos possam ter partido antes das sanções.
O total das compras de fertilizantes no Exterior, incluindo todas as nações fornecedoras, não foi recorde para março. Um sinal de maior procura pelo adubo russo. Ou antecipação. As importações, ao todo, chegaram a 2,7 milhões de toneladas, ante 2,9 milhões de toneladas no mesmo mês de 2021. A Rússia respondeu por um quinto das aquisições. Mas os gastos, claro, foram bem maiores: US$ 1,6 bilhão, mais do que o dobro do contabilizado em igual intervalo do ano passado.
No acumulado do primeiro trimestre, o Brasil comprou menos fertilizantes da Rússia, principal fornecedor do país. Mas aumentou os negócios com China, Canadá, Nigéria e mesmo Belarus, outra nação envolvida no conflito. Mesmo assim, o volume desembarcado nos portos brasileiros foi 8% inferior, enquanto as despesas foram mais de duas vezes superiores. Os negócios costumam aumentar no segundo semestre, com a aproximação da safra de verão.