A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Com uma bagagem de duas décadas no audiovisual, o cachoeirense Luiz Roque, 42 anos, está na Itália para a tradicional Bienal de Veneza, realizada desde 1895. Tem dois trabalhos – os filmes XXI e Urubu – na exposição que se iniciou neste fim de semana.
Roque começou sua trajetória nos anos 1990, na Capital, onde estudou Artes Visuais na UFRGS. No Torreão, escola de artistas capitaneada por Jailton Moreira com a parceria de Elida Tessler, descobriu seu direcionamento: produzir filmes que não fossem exibidos apenas no cinema. Atualmente, o artista também integra em seu trabalho esculturas, instalações e a temática LGBT.
— O cerne da arte é ser combativo com ideias hegemônicas. Isso é parte da minha biografia e naturalmente está impresso no meu trabalho, procuro deixar a comunidade LGBT no centro da narrativa, e não na borda — defende.
Apesar da chancela na "alta cultura", Roque revela que não torce o nariz para o circuito tradicional de cinema hollywoodiano, filmes de heróis e títulos considerados pop. Ele próprio entende que seu trabalho é influenciado pelos videoclipes musicais, herança de uma adolescência na companhia da TV aberta.
— Os filmes são curtos e a musicalidade é muito importante no meu trabalho, gosto que as pessoas tenham vontade de ver mais de uma vez — conta.
Pelo mundo
O último trabalho de Luiz Roque foi filmado em Buenos Aires e um de seus filmes pode ser conferido no canal oficial do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York no YouTube. Sobre a presença latino-americana, brazuca e gaúcha em espaços mundo afora, o artista conta que é uma forma de se manter no circuito em tempos difíceis para os produtores de arte:
— É ter a chance de continuar fazendo meu trabalho, continuar produzindo.