Para reduzir um pouco o acúmulo de solicitações, que crescem como nunca vi, trago cinco álbuns que mereceriam mais do que estas poucas linhas. Mas é o que temos, e ainda bem que temos. Todos estão disponíveis nas plataformas digitais. Divirta-se com música ótima e diversificada.
TIME LAPSE, do Duo Clavis
Formado em 2011, em Londrina, por Marcello Casagrande (vibrafone) e Mateus Gonsales (piano), o Duo Clavis faz um dos mais surpreendentes trabalhos do, digamos, novo jazz brasileiro. A combinação incomum dos instrumentos primos é levada à perfeição.
Neste segundo disco, eles aprimoram o talento para o improviso, tanto em composições próprias como de mestres como Brad Mehldau (Always August), Letieres Leite (Casa do Pai) e Hermeto Pascoal (Montreux). Três dos sete arranjos acrescem baixo e bateria, sublinhando a excelência. Ambos com formação acadêmica, Marcello e Mateus têm tocado em festivais e encontros no Brasil e outros países.
- Independente, distribuição Tratore, CD R$ 30
CLÁSSICOS GAÚCHOS AO VIOLÃO (vol.4), de Marcello Caminha
Sem discussão um dos maiores violonistas gaúchos (e brasileiros), com participação em dezenas de discos de outros, na carreira solo, além de gravar suas próprias composições, desde 1999 Marcello tem se dedicado a traduzir para o violão instrumental sucessos de vários autores.
É o que faz aqui mais uma vez, com as participações de Marcello Caminha Filho no baixo e Rhuan de Moura na bateria. Tem milonga, vanera, vanerão, valsa, chamamé. Entre elas, Diário do Fronteiriço (Erlon Péricles), Do Fundo da Grota (Baitaca), Poncho Molhado (J.H.Retamozzo/Ewerton Ferreira), Recuerdo (Guilherme Collares/Edilberto Bergamo).
- Paralelamente está sendo lançado o songbook do álbum. Infos (51) 99963-0570
PEGUEI A RETA, do Paulo Sérgio Santos Trio
Desde os anos 1970, como integrante do histórico Quinteto Villa-Lobos, o clarinetista Paulo Sérgio tem se dedicado à música de câmara e à música popular – aos 18 anos, já integrava a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio. Além das salas de concerto, sua paixão é o choro, cujo repertório conhece como poucos.
Com este terceiro trabalho solo, voltado para o idioma do choro, ele comemora 45 anos de carreira. O disco é encantador. Ao lado do violão de seu filho Caio Márcio Santos e da percussão de Diego Zangado, Paulo Sérgio apresenta temas próprios e visita Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Gnattali, Severino Araújo, Sivuca, Abel Ferreira e Guinga.
- Gravadora Kuarup, CD R$ 30
HEMISFÉRIOS, de Pedro Tagliani
Ele só não é uma lenda da guitarra brasileira – como Toninho Horta – porque não desenvolveu sua carreira no Rio de Janeiro. Mas com 40 anos de estrada, metade deles na Europa, Pedro Tagliani é, sim, um dos maiores guitarristas/violonistas brasileiros.
Foi para a Alemanha no fim dos anos 1980 com o mitológico grupo Raiz de Pedra e gravou lá três álbuns solo. Este é o quarto, primeiro gravado aqui, Porto Alegre. Ao lado do piano de Fábio Torres, do baixo de Paulo Pauletti (ambos do Trio Corrente) e da bateria de Marquinhos Fê, Tagliani expõe toda sua categoria de músico e autor.
Nas 10 faixas ouvimos samba, baião, balada, choro, temperados (ou não) com jazz fusion. Puro requinte.
- Lançamento do selo Audio Porto
INSTANTES, de Ronison Borba
O acordeom não é um instrumento comum na música de concerto. Músicos como Ronison, gaúcho formado pela UFSM e radicado em Portugal, trabalham para mudar tal panorama. Neste primeiro disco solo (já gravou com grupos populares) ele vai fundo no conceito do acordeom erudito. Não é para quem gosta de “gaitaços” regionalistas.
Ronison toca muito, em vários momentos parece que ouvimos mais do que “apenas” um acordeom. Escolheu peças de grandes compositores da literatura do instrumento, como o alemão Jürgen Ganzer, o dinamarquês Paul Rovsing Olsen, o francês Franck Angelis, o russo Viacheslav Semionov.
- Independente, CD R$ 30, pedidos para borba.acordeon@gmail.com