Quando o convite chegou confesso que, no início, titubeei. A CCR ViaSul pretendia fazer um simulado de um acidente grave na freeway e a ideia era que eu participasse do outro lado, como uma suposta vítima.
Após conversas com os colegas de Rádio Gaúcha, GZH, Zero Hora e RBS TV, e aceite de todos, encarei o desafio. Durante aproximadamente uma hora e meia, tive a oportunidade de ver de perto como é um atendimento desse tipo.
Cheguei no local estipulado por volta de 12h30min desta quarta-feira (25). Após receber as informações que necessitava, fui conduzido para a equipe socorrista que maquiava os 25 figurantes — 24 deles do curso técnico de enfermagem da Escola de Educação Profissional Gravataí (SEG). Eu seria um dos seis feridos graves.
No rosto, um corte contundente. No peito, um ferimento com sangramento. Um rasgo na camiseta e a colocação de uma espécie de colete por baixo buscaram dar ainda mais realidade à encenação.
Recebi uma cartela, que deveria usar no peito. Cada um dos figurantes ganhou essa identificação. Ela que indicava se a vítima era grave ou não e ajudava os socorristas a saberem que tipo de procedimento eu precisaria passar.
Já dentro do ônibus tombado, após entrarmos pela parte traseira, fomos orientados a simular gritos de socorro enquanto o atendimento não chegasse. As primeiras equipes identificaram a gravidade e começaram a acionar os órgãos competentes.
Como fui considerado um "caso grave", precisei de atendimento imediato e resgate de helicóptero. Depois de deixar o ônibus e ser transportado de maca, fui levado até a aeronave da Brigada Militar. Imobilizado, deitado e com colar cervical, pouco vi de um passeio diferente que fiz. Busquei atender aos pedidos que me eram feitos, para que a encenação pudesse ser a mais real possível.
Cheguei ao campo Ramiro Souto, da Redenção, de uma forma que jamais imaginei. De lá, novamente uma mudança de veículos. De ambulância, fui conduzido ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde terminava a minha participação.
No futebol há uma máxima de que treino é treino e jogo é jogo. Para as equipes socorristas, treino é jogo. Cada erro, cada dificuldade, cada imprevisto conta muito. Uma vida pode ser salva, uma pessoa pode deixar de ter uma sequela grave se os procedimentos forem conhecidos.
Infelizmente, os acidentes sempre ocorrerão. Os veículos são conduzidos por humanos, que erram, que falham. Que simulados como os desta quarta-feira possam sempre ser realizados a fim de salvar o máximo de vidas possíveis.