Basta passar pelas rodovias federais do Rio Grande do Sul para constatar o óbvio. Estradas que não recebem conservação por meio de pagamento de pedágio estão se deteriorando.
A BR-290 é a campeã de reclamações. Segundo relatos de ouvintes e leitores, o trecho de São Gabriel a Alegrete é o que mais tem buracos. A BR-158 é outra. Entre Santa Maria e e a cidade catarinense de Maravilha, enfrenta outro problema, a falta de sinalização adequada para quem passa pela estrada à noite.
As reclamações não vêm à toa. A cada ano, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), vem perdendo poder de investimento. Com dificuldade de realizar novas obras, a autarquia também não consegue aplicar os recursos necessários para manter a qualidade do asfalto.
Além de usuários das rodovias, as empresas que prestam serviço ao Dnit também alertam para a escassez de recursos. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção de Estradas do Rio Grande do Sul, não há mais recurso disponível para a manutenção das rodovias federais gaúchas em 2022. A grande maioria dos trechos já não tem conservação há meses.
As rodovias que mais apresentam problema são a BR-158, a BR-285, a BR-293, a BR-290 e a BR-153. A coluna apurou com servidores do Dnit que o problema existe. A solução pode ser amenizada somente se houver remanejamento de recursos, ou seja, se recursos de uma obra forem retirados para serem investidos nas pistas com defeito no Rio Grande do Sul.
De acordo com o levantamento do sindicato das empresas, 93% da malha gaúcha não possui mais recursos nos seus respectivos contratos de manutenção para o resto do ano. Além disso, mais de 54% da malha federal gaúcha não possui recursos para manutenção há mais de 60 dias.
Em 2022, as rodovias do Dnit no Rio Grande do Sul receberam o equivalente a 22% dos valores anuais disponibilizados em 2015 somente para a manutenção do asfalto. O problema vem se agravando anualmente.
E, por causa disso, a qualidade da malha federal gaúcha vem caindo. Isso irá fazer com que o custo de manutenção tenha que ser aumentado.
Quando o pavimento ainda apresenta um nível baixo de trincas, as soluções de recuperação para uma vida útil de 4 a 5 anos custam em torno de R$ 200 mil por quilômetro. Caso não seja executada nenhuma ação neste pavimento, em torno de 3 anos depois ele apresentará trincas severas, onde as soluções para recuperar o pavimento custam em torno R$ 600 mil por quilômetro.
O sindicato também alerta para o risco de acidentes sem a conservação adequada também de pontes e viadutos. Recentemente, a coluna apurou que a recuperação de duas importantes travessias no Rio Grande do Sul está comprometida por causa da falta de recursos.
- Os recursos governamentais são limitados e não conseguem atender a demanda de infraestrutura em todo país. É por meio das concessões públicas que poderemos resolver de forma objetiva. O governo Bolsonaro estruturou essa questão. Inclusive, segue em tramitação o edital de consulta do complexo rodoviário que liga Porto Alegre, Camaquã, Uruguaiana, Santana da Boa Vista, Cruz Alta e Panambi. De minha parte, segue o compromisso de viabilizar recursos orçamentários que possam contribuir com a melhoria das rodovias, bem como, de cobrar do governo o andamento das concessões - destacou o senador Luis Carlos Heinze (PP), integrante da bancada gaúcha.
Procurado, o Dnit ainda não se pronunciou.