Junho fechou com mais um prejuízo milionário na Trensurb. Foram arrecadados R$ 6 milhões. Antes da pandemia, a empresa havia estimado arrecadar R$ 14,42 milhões no mês passado.
Os prejuízos entre março e junho chegaram a R$ 35,90 milhões. No período, a empresa arrecadou pouco mais de R$ 24,58 milhões. Desde o início do ano, a Trensurb conseguiu atingir R$ 50,52 milhões em receitas.
Apesar disso, até agora, não foi anunciado um plano contingencial mais forte. A oferta de trens, segundo a empresa, leva em consideração a quantidade de pessoas transportadas. Antes da pandemia, em torno de 150 mil pessoas usavam o sistema por dia. Na última sexta-feira (8), 58 mil passageiros usaram o transporte.
Já a verba destinada pela União neste período para a Trensurb não sofreu alteração. A previsão traçada no fim do ano passado está sendo cumprida. O montante ajuda a custear a tarifa e mantê-la a R$ 4,20.
As medidas anunciadas até agora vão de suspensão temporária de contratações de serviços e projetos que estavam em andamento e que não são despesas ligadas ao transporte de passageiros ou medidas de prevenção e combate ao coronavírus. Não houve por exemplo, parcelamento de salário dos mais de mil servidores. Os depósitos foram mantidos e ocorreram na data prevista.
Outra forma de arrecadação que a Trensurb tem é a venda de espaços publicitários nos trens e estações, além do aluguel de lojas nas plataformas. O valor não é expressivo, mas ajuda a custear a operação.
Dessa forma, uma pergunta se impõe: a tarifa cobrada é maior do que o valor necessário para custear a operação? A empresa garante que não.
A taxa de retorno - valor da União usado para completar os gastos e manter a tarifa no atual patamar - tem aumentado, apesar da verba não ter sido alterada. Em janeiro, era 31% e em abril subiu para 76,5%. Ou seja, a Trensurb está conseguindo menos recursos para arrecadar o montante necessário para o seu custeio e investimento.
Apesar disso, dentro do propósito da empresa nos últimos anos, a passagem poderia ter sofrido um aumento no começo do ano. O assunto chegou a ser tratado pela gestão anterior da empresa, mas foi descartado pela atual direção.
A última vez que a tarifa aumentou foi em 13 de março de 2019. Na ocasião, a passagem passou de R$ 3,30 para R$ 4,20 – o que representou um aumento de 27%. Já em fevereiro de 2018, a tarifa subiu de R$ 1,70 para R$ 3,30. O reajuste acumulado chegou a 147%. Antes disso, a Trensurb ficou dez anos sem aplicar aumento da passagem.