O governador do Estado fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (27). Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Eduardo Leite afirmou que a falta de liderança do presidente tem comprometido ações na área econômica.
- A posição do presidente causa mais confusão do que esclarecimento. É o Chacrinha que dizia que veio ao mundo mais para confundir do que para esclarecer, não é? Isso não é papel do presidente da República. Ele deve gerar tranquilidade. Deve coordenar esforços. Não é fácil liderar num processo como esse. É fundamental o papel e é indelegável o papel do presidente da República. No momento que ele faz uma campanha contrária às restrições, sem nenhuma base em evidência científica, isso certamente causa confusão, falta de coordenação. E, se não fosse a resistência de prefeitos e governadores, isso poderia significar perdas volumosas de vidas ali na frente - criticou Leite.
Na terça-feira (24), Bolsonaro fez pronunciamento em cadeia de rádio e televisão e afirmou que as autoridades estaduais e municipais deveriam "abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa".
Na quarta-feira (25), o presidente disse ao governador de São Paulo, João Doria, que o paulista não tinha autoridade para criticá-lo após ter sido eleito as suas custas e depois ter lhe virado as costas. O embate ocorreu diante dos demais governadores do Sudeste durante teleconferência com o presidente da República.
Eduardo Leite destacou que a redução dos impactos ao enfrentamento do coronavírus depende do governo. Uma as grandes ações é suspender o pagamento da dívida com os Estados. Mas, para o Rio Grande do Sul, isso não significa nada pois o pagamento já está suspenso. O governador pediu novas iniciativas da União, pediu clareza para que seja mantida a restrição do contato com as pessoas, e que o governo federal apresente medidas extraordinárias assim como vem ocorrendo nos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra.
Leite avaliou que alguns movimentos já foram feitos no Brasil, graças a atuação de ministros como Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura; Luiz Henrique Mandetta, da Saúde; e Paulo Guedes, da Economia; mas é preciso ir além. O governador citou que o governo federal poderia assumir pagamentos a bancos públicos e internacionais neste momento e incluir estes valores na dívida com a União. Para o Rio Grande do Sul, a medida traria um alívio de R$ 1 bilhão em um ano.
O governador também avaliou como prematura a decisão do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, de retomar a atividade econômica a partir da próxima semana. Leite disse não ter visto embasamento científico nessa decisão. Ele admitiu que, ao fim da próxima semana, pode fazer o mesmo, mas com base na opinião de especialistas.