Quem passa pela Avenida Severo Dullius, na zona norte de Porto Alegre, vai começar a ver mobilização de operários a partir da próxima semana. O prefeito Nelson Marchezan assinou a ordem de reinício das obras na segunda-feira (3). A construtora Procon tem agora sete dias para retomar os trabalhos, que estão parados há mais de três anos e eram previstas para a Copa de 2014.
Na semana passada, a prefeitura conseguiu aprovar e publicar um novo aditivo para a obra de ampliação da via. A Caixa Econômica Federal já foi comunicada sobre o procedimento. A publicação do edital permite que o banco financiador da obra libere mais R$ 1,8 milhão.
- É importante salientar, que na fase inicial haverá serviços como a remobilização do canteiro e a topografia. Esses serviços são fundamentais e indispensáveis no recomeço, e têm estimativa de ocorrer até o início de julho, quando devemos começar a ter maior movimentação no local da obra - explica o secretário adjunto de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Marcelo Gazen.
A ampliação de 1,9 quilômetro da avenida está 49% concluída. Falta ainda executar a construção de duas pontes e o trecho que liga a Severo Dullius à rua Dona Alzira. Também haverá a contratação da instalação da iluminação pública e a colocação de gradis, estimada em R$ 9,9 milhões.
Os serviços deverão ser executados em mais um ano e meio. A obra irá permitir ligação entre o trecho existente e a avenida Sertório.
Na quinta-feira, a coluna divulgou, com exclusividade, que a prefeitura corria contra o tempo para evitar que a Caixa suspendesse o envio de recursos para este contrato. O banco havia dado como prazo máximo o dia 1° de junho.
- Essa obra apresentou problemas desde 2016 com rompimento de parte de uma estrutura, paralisação por parte da empresa e a falta de recursos financeiros. Conseguimos equacionar boa parte dos problemas para essa retomada - destaca o secretário adjunto de Planejamento e Gestão, Daniel Rigon.
O valor total atualizado da construção é de R$ 107,5 milhões, contando os ajustes ainda necessários no contrato e outros R$ 14,8 milhões em desapropriações. Deste total, a empresa já recebeu R$ 57,9 milhões. Do montante, se a Caixa exigisse devolução de valores, a prefeitura teria que repassar R$ 41 milhões.
Anos de impasse
A obra teve a primeira ordem de início em junho de 2013, oito meses após a assinatura do contrato, que ocorreu em novembro de 2012. A construção do trecho entre a Avenida Dique e a Rua Sérgio Dieterich demorou para iniciar porque foi necessário, primeiro, desviar a avenida de um antigo aterro sanitário. A primeira etapa do prolongamento foi executada com recursos de contrapartida de uma rede de supermercados.
O curioso é que a obra já começou com um aditivo de ajuste de projeto. Depois, foram mais três aditivos aprovados, sendo dois por mudança de prazo e um motivado por ajuste no projeto, que foi doado pela iniciativa privada ao governo municipal.
Em junho de 2016, uma das obras da ampliação se rompeu. O talude do Arroio Areia foi danificado e todos os serviços realizados até então - como a construção de talude, pilares e ponte - foram perdidos.
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão, em fevereiro de 2017, no início da atual gestão, a empresa comunicou a parada da obra em função do atraso de pagamento e da falta de solução para o rompimento do talude.
O problema da falta do dinheiro foi resolvido em fevereiro de 2018, quando a prefeitura conseguiu efetivar um empréstimo com o Banrisul para pagar valores não previstos no contrato com a Caixa. Sobre o rompimento do talude, a empresa Procon apresentou um laudo mostrando que houve erro de projeto. A prefeitura contratou um perito para apurar as causas e as responsabilidades.