Barulho de chuva.
Barulho de água.
Barulho de motor.
O que esses sons têm em comum? A capacidade de impulsionar a concentração e induzir ao relaxamento.
Os três acima são exemplos de “ruído marrom”, ou brown noise. Tem também o ruído branco (white noise) e o ruído rosa (pink noise).
O que os diferencia é a frequência do som - o marrom é mais grave, o branco, mais agudo. São ruídos constantes, sem variação, cujo efeito é formar uma parede, ou filtro, que isola o cérebro do ambiente e facilita o foco em uma tarefa.
— Tem crianças que estudam melhor em frente à TV, pessoas que trabalham melhor com música, pois aquele ruído de fundo melhora a capacidade atencional. É a mesma lógica de ter um estímulo secundário que ajuda a sustentar a atenção — explica o pesquisador do Programa de Déficit de Atenção do Hospital de Clínicas e membro da Associação de Psiquiatria do Estado, Carlos Salgado.
Antes mesmo de se popularizarem no TikTok, os “noises” vêm sendo estudados como um recurso para melhorar a rotina de pessoas diagnosticadas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). As pesquisas ainda são poucas, mas já indicam que existe, sim, um benefício.
Porém não é, nem nunca será, um tratamento.
— É um recurso auxiliar, um conforto, um alívio. Reduz a distração e não tem contra-indicação, mas não substitui o tratamento para pessoas com TDAH — diz Eugenio Grevet, professor da faculdade de Medicina na UFRGS e coordenador do ambulatório de TDAH para Adultos do Hospital de Clínicas.
Ou seja, experimentar não faz mal. Teste as diferentes frequências, veja se alguma te agrada. Pode ser a mãozinha que te faltava para terminar aquele relatório ou preparar um resumão para a prova de matemática.