O novo presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), desembargador Alberto Delgado Neto, presidia até o ano passado o Conselho de Informática Judiciária (Coninf). E isso explica uma de suas maiores preocupações, a de que o Judiciário gaúcho jamais volte a enfrentar uma crise como a ocorrida em 2021. Em abril daquele ano, um ataque hacker paralisou parte das atividades e dificultou acesso a cerca de 2 milhões de processos, além de causar atrasos em audiências.
O ataque, na época, atingiu cerca de 18 mil terminais do Judiciário gaúcho e provocou falhas em sistemas administrativos, bem como em consultas a muitos processos virtuais. Não foram encontrados os autores da invasão. Delgado, em sua posse na quinta-feira (1), ressaltou que apesar das dificuldades, nenhum processo foi perdido. O que não significa minimizar a investida criminosa dos hackers.
Tanto que o TJ-RS investiu nos últimos cinco anos cerca de R$ 50 milhões em segurança e modernização cibernética. Uma das conquistas recentes é a total informatização dos processos judiciais, que traz muito mais agilidade. Ao mesmo tempo, é preciso redobrar os cuidados com segurança.
Os processos agora têm migrado para uma nuvem virtual, de modo a não ficarem apenas em computadores, mais vulneráveis a ataques cibernéticos. O TJ-RS deve aplicar este ano mais de R$ 15 milhões em segurança virtual. E não é sem motivo.
No ano passado o órgão afastou 14 estagiários e abriu investigação contra sete servidores suspeitos de vazar operações policiais para associações criminosas. Documentos sigilosos e trocas de mensagens apontam para a cobrança de até R$ 3 mil por cada informação repassada a quadrilhas e que deveria ser restrita a juízes, servidores das varas e autoridades policiais.
Os estagiários utilizavam senhas de servidores para acessar processos e ordens judiciais, antes mesmo delas serem cumpridas. O serviço de inteligência do TJ, o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil realizaram em 2023 nove operações contra esses vazamentos.
É para prevenir esse tipo de crime que faz muito bem o novo presidente do TJ-RS em continuar a investir na segurança informática.