Até o momento em que escrevo essas linhas as polícias Militar, Civil e Federal ainda não encontraram Lázaro Barbosa de Souza, o homem apontado como autor de pelo menos seis assassinatos entre Goiás e Bahia. A imprensa o chama de serial killer, mas psiquiatras especulam que ele não se enquadra nessa definição. Mata mais por impulso, na oportunidade e durante assaltos, enquanto assassinos seriais costumam agir apenas contra um tipo de vítima, especialmente escolhida. Os estupros que praticou também se enquadrariam na característica de predador oportunista.
Lázaro estaria mais para um psicopata – um sujeito que não sente remorso ao causar sofrimentos. Esses abundam na sociedade, tanto soltos quanto nos presídios. Sua característica é a frieza e o profundo egoísmo, matem ou não. Servem-se das pessoas e as descartam, por vezes mediante assassinato.
A caçada a Lázaro lembra outras a assassinos cruéis. No Rio Grande do Sul, o mais notório foi Adriano da Silva, capturado em 2004 e cujos crimes acompanhei como repórter policial. Era um andarilho, versado em artes marciais, que estava foragido após matar um taxista durante um assalto no Paraná. Após a fuga, conseguiu documentos falsos e se escondeu no interior do território gaúcho, no Planalto Médio. Lá começou a matar.
Entre 2002 e 2004, quando foi preso, matou pelo menos 12 meninos, com idades entre oito e 13 anos, nas cidades de Passo Fundo, Soledade, Sananduva e Lagoa Vermelha. Antes de assassinar, abusava sexualmente deles. Esses crimes Adriano confessou, mas há suspeita de que tenha cometido mais duas mortes de crianças.
Foi preso após demorada investigação, que levou a cercos policiais. De início nem a Polícia e nem os jornalistas ligavam um crime aos outros. Como os meninos viviam na rua, a suspeita é que tivessem apenas fugido dos familiares. Lembro que o colega Carlos Wagner surgiu com a suspeita de um serial killer gaúcho e todos, repórteres e policiais, brincamos que ele via filmes demais...
Wagner estava certo. Adriano da Silva foi um típico assassino serial, com foco num tipo de vítima. Em comum com Lázaro o fato de matar e estuprar sem piedade. A caçada a esse monstro gaúcho terminou com a prisão dele, que até hoje continua atrás das grades. Como será o epílogo da perseguição ao matador goiano?