A maior facção criminosa do país, a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), há muito deixou seu Estado natal para virar uma transnacional do submundo. Ainda nos anos 90 organizou rebeliões em presídios do Mato Grosso do Sul e Paraná, Estados limítrofes com São Paulo, onde ampliou raízes e agora domina os cárceres. Depois se expandiu para a Amazônia e algumas capitais nordestinas. De uns anos para cá, ampliou presença no Rio Grande do Sul.
Tudo indica que o PCC é a organização por trás do esquema desvendado na operação desencadeada nesta quarta-feira (30) pela Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Os policiais desarticularam uma rede de extorsões que envolvia duas cidades do Ceará e alcançava a Grande Porto Alegre. Bandidos gaúchos refugiados em território cearense, com documentos falsos e uniformes, se diziam policiais e exigiam dinheiro de comerciantes para não sofrerem represálias. Um deles teve escritório incendiado. Típico de milícias e também das grandes facções dos presídios.
A existência de pelo menos três grandes facções nascidas no Rio Grande do Sul sempre conteve a influência do PCC em terras gaúchas. Afora assaltos esporádicos, não se tinha notícia de avanços por aqui. Agora ela tem crescido no submundo. Só no ano passado duas lideranças de porte médio da organização foram capturadas na Serra (em Gramado e Caxias).
O último mapeamento, feito por promotores de Justiça paulistas há alguns anos, contabilizou mais de 700 colaboradores do Primeiro Comando da Capital em presídios riograndenses. A maior parte deles atua em outras facções, mas troca favores com os paulistas. Quando capturados em outros Estados, contam com a benção dos “irmãos” da maior facção brasileira, o que não é pouco. As autoridades sabem disso e estão de olho.