A notícia chegou no entardecer da última quarta-feira (24) e pouca gente reparou, na correria de fim de dia. O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou seu último balanço de irregularidades apuradas a respeito do auxílio emergencial, o programa do governo destinado a diminuir o impacto de quem ficou desempregado/pauperizado em decorrência da pandemia. Os números são estarrecedores. De R$ 293 bilhões destinados ao benefício, tudo indica que R$ 54 bilhões foram pagos indevidamente, a gente que não precisava.
Ou seja, um em cada cinco beneficiários não deveria ter recebido a grana governamental. Por cruzamento de dados, o TCU acredita que até 22 milhões de pessoas podem ter ganho o auxílio sem se enquadrarem nas regras do programa – embora apenas 3,7 milhões tenham sido efetivamente identificadas e expurgadas do benefício. Entre os irregulares estão mais de 700 mil servidores civis e militares, mais de 600 mil pessoas com vínculo formal de emprego, mais de 60 mil falecidos, mais de 40 mil brasileiros morando no Exterior, mais de 40 mil presos e mais de 200 mil pessoas com renda acima do limite.
Puxando a brasa para nosso assado, desde o início do programa o Grupo de Investigação da RBS (GDI) foi atrás dos fraudadores. Comprovou que entre os beneficiados pelo auxílio estavam donos de empresas, socialites e funcionários públicos (o benefício é vetado a eles). Mostrou também políticos que sacaram o auxílio, apesar de gastarem bastante em suas campanhas eleitorais. Aliás, nunca é demais lembrar que o TCU divulgou a lista de políticos sob suspeita de saque irregular do auxílio. Confira aqui. Cidadania é isso. Ainda mais que o governo federal anuncia prorrogação do benefício, agora.