Um dos mais importantes projetos da história da Brigada Militar começou a nascer. Foi ministrada esta semana a aula inaugural do Projeto Anjos , cujo foco é a identificação precoce de casos de problemas mentais e emocionais, em especial situações envolvendo risco de suicídio.
O programa criou um curso cujo objetivo principal é a capacitação de militares estaduais voluntários que servirão como facilitadores junto à tropa, auxiliando na identificação precoce e encaminhamento dos casos de adoecimento mental. Em especial, situações que envolvem risco de suicídio.
Existem razões de sobra para criar o projeto. A média entre os brigadianos é de 30,7 suicídios a cada 100 mil habitantes (três vezes maior do que entre a população civil), enquanto a média é de 20,9 policiais suicidados em Minas Gerais, 20 em São Paulo, 16 na Bahia e 9,1 no Rio de Janeiro. No mundo, a média é de 18,2 suicídios de policiais (a cada 100 mil pessoas). Ou seja, os PMs gaúchos frequentemente lideram o ranking nacional desse tipo de morte. Em 2018 foram oito casos, em 2019, cinco casos. Até meados deste ano, três policiais militares do RS tinham se matado.
O catalisador, via de regra, é o estresse continuado. Muito PM, além do serviço de risco, trabalha em "bico" como segurança nos dias de folga, exposto a perigo ainda maior. Tudo isso causa exaustão e sofrimento emocional.
O curso é composto por cinco módulos com 28 aulas virtuais, ministradas por psiquiatras e outros especialistas da área. São 155 horas/aula. Os alunos assistem a vídeos ilustrativos sobre situações reais de estresse e participam de fóruns de debates.
O voluntário não fará intervenções terapêuticas, mas servirá de facilitador para que o indivíduo chegue ao atendimento especializado. O desafio é formar uma rede de acolhimento, resume o Comandante da BM, coronel Rodrigo Mohr Picon.
Uma iniciativa que tem tudo para se tornar exemplo nacional.