A Operação Lava-Jato conseguiu desagradar a gregos, troianos, fenícios e cartagineses, para brincar com um ditado do tempo dos meus avós. Nas redes, petistas e bolsonaristas, os dois polos ideológicos mais fortes no país, reagem indignados à investigação realizada por policiais federais do Rio de Janeiro.
Eles comandaram buscas contra defensores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, esse compadre de Lula) e contra o advogado do presidente Jair Bolsonaro e integrantes de sua família (Frederick Wassef).
Os alvos não são apenas eles. Entre os advogados investigados estão defensores de Sergio Cabral (ex-governador do Rio e condenado a mais de 200 anos de prisão) e de Wilson Witzel, governador fluminense afastado. A maioria deles já virou réu, porque o juiz da Lava-Jato fluminense, Marcelo Bretas, aceitou os indiciamentos da Polícia Federal e as denúncias feitas pelo Ministério Público Federal. Todos os denunciados reagiram indignados e falam em armação para prejudicar seus clientes políticos.
De acordo com as investigações, os advogados desviaram cerca de R$ 15 milhões do Sistema S, profissionalizante, bancado com contribuição compulsória de empresas privadas. Alguns dos advogados teriam cobrado para influenciar decisões favoráveis à Federação das Associações Comerciais do RJ (Fecomércio-RJ) em processos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Tribunal de Contas da União (TCU).
Apesar dos advogados estarem ligados a políticos, nenhum político figura como alvo dessa operação. É investigado se esses desvios seriam uma triangulação pela qual clientes do governo – ou que estiveram no governo - conseguiriam pagar seus defensores.
Agora é ver se a questão vai prosperar nos tribunais superiores. Entre os advogados investigados estão familiares de ministros do STJ e do TCU.