Seis em cada 10 dos foragidos mais notórios do Brasil são ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção paulista mais importante do crime organizado nacional. A lista dos 26 bandidos mais procurados foi divulgada esta semana pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Não é qualquer pé de chinelo que frequenta a lista (confira aqui os perfis). Conforme o ministro Sergio Moro, foram priorizados criminosos com atuação nacional (em vários Estados) e, alguns, até mesmo internacional. Todos são líderes de quadrilhas, alguns de facções. Alguns estão foragidos há pouco tempo, outros há décadas.
Não surpreende o fato de que 17 dos 26 listados têm vínculos com o PCC. Essa facção, criada por presidiários paulistas como uma espécie de autodefesa contra abusos policiais após o massacre do Carandiru (em 1992), logo ultrapassou os muros das prisões para buscar o controle do crime. Primeiro, nas bocas de fumo paulistanas. Depois, ao organizar grandes assaltos. Em meio a tudo isso semeou rebeliões país afora. Onde tinha paulista preso o PCC vicejou. Hoje domina as cadeias em Mato Grosso do Sul e Paraná, para ficar apenas em dois exemplos.
Após virar a maior facção, o PCC começa a atuar como cartel. Atua em nível internacional. Alguns dos foragidos listados pelo Ministério da Justiça estão no Paraguai e Bolívia, suspeitam as autoridades. E são apontados como responsáveis pelo envio de toneladas de maconha e cocaína para o Brasil. É o caso de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ligado à cúpula do PCC e que migra por vários países da América do Sul, como relatam seus parceiros de crime. Ou de Sonia Aparecida Rossi, a Maria do Pó, que estaria na Bolívia, intermediando negócios da facção.
A maioria dos 26 listados, porém, não é ligada ao tráfico e, sim, a assaltos. Todos espetaculares, como carros-fortes em Guarulhos, Campinas (ambas no Estado de São Paulo) e Salgueiro (Pernambuco). Existem também matadores profissionais, como dois ex-guarda civis que mataram policiais e delegados em Mato Grosso do Sul. O listão inclui ainda um chefão do Comando Vermelho (maior organização criminosa do Rio, rival do PCC em nível nacional) e dois milicianos da Liga da Justiça, a maior milícia do Rio - e do país.
Em tempo: não há gaúchos na lista.