Acertada a decisão da chefia do Presídio Central de dispersar os presos ligados à Vila Maria da Conceição, envolvidos numa disputa fratricida por comando. Foi evitado um banho de sangue certo.
Guardadas as devidas proporções, algo que poderia gerar um novo Carandiru – nunca é tarde para esquecer que o massacre nessa penitenciária paulista começou com uma briga entre presos, que terminou com matança feita pela PM.
A BM, com essa providência, diminuiu a sensação geral de que no Presídio Central mandam os presos. Pelo menos nos corredores de acesso e no gerenciamento da prisão.
Leia mais:
BM e Susepe transferem presos que haviam sido expulsos do Presídio Central
Governo nega que presos tenham sido expulsos de galerias do Central por rivais
Crise no Presídio Central mantém clima de guerra na Vila Maria da Conceição
O problema de fundo dessa situação de décadas em que os presos mandam das celas para dentro – sim, ali o poder é das facções – é a superlotação. Ela resulta em bandos de presos algemados a viaturas, colocados em celas da Polícia Civil, presos a lixeiras... e também impede um melhor gerenciamento das prisões, como o Presídio Central (rebatizado Cadeia Pública).
O pulso firme demonstrado pela direção do Central não impede que novas tensões surjam a qualquer hora. Para que não ocorram, só com novas vagas. Mas o governo do Estado não consegue abrir prédios que já estão prontos, como as novas alas da Penitenciária Estadual de Canoas.
Faltam alguns detalhes de infraestrutura e, principalmente, pessoal para monitorar e atender os presos. Isso custa dinheiro. Uma verba escassa num Estado que sequer consegue pagar em dia os servidores. É o famoso cobertor curto. Um dia é de remoções forçadas de presidiários, o outro é de espera por novos focos de descontentamento.