Eike Batista bem que tentou escapar do cerco da Lava-Jato aos seus negócios bilionários, azeitados com base em favores à cúpula governamental.
Em 2016 ele se apresentou de forma espontânea a procuradores da República. Levou junto uma agenda na qual tinha registrado um encontro com o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligado ao PT. A data da reunião: 1º de novembro de 2012.
Leia mais
Eike Batista é alvo de mandado de prisão em nova fase da Lava-Jato no Rio
Quem são os alvos da operação que tenta prender Eike Batista
Mantega teria pedido de R$ 5 milhões para o PT, para a campanha presidencial de 2015, revelou Eike. O dinheiro deveria ser repassado ao publicitário João Santana, marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff à reeleição.
O dinheiro teria sido entregue na Suíça, numa conta de Santana (a offshore Shell Bill Finance), em US$ 2,3 milhões de dólares. Pagamento feito em 2013, disfarçado como falsos contratos de publicidade.
Em setembro de 2016, Mantega foi preso temporariamente pela Lava-Jato, com base nas revelações de Eike, entre outros. Acabou libertado no mesmo dia, mas continua investigado.
O problema é que Eike não fez colaboração premiada com a Lava-Jato. Não negociou sua possível pena por lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Apenas prestou um depoimento, como se fosse um favor.
Sem negociação formal, não existe acordo de colaboração. E os procuradores agora descobriram que Eike pagava propina a outros. Entre eles, o ex-governador fluminense Sergio Cabral, do PMDB, e seus asseclas. Um problema para Eike, que agora corre risco de fazer companhia, no presídio de Bangu 8, ao seu ex-parceiros de negócios clandestinos.