A quadrilha desarticulada hoje em Porto Alegre era responsável pela criação de cinco veículos-fantasma a cada dia. São os clones, cópias idênticas de carros em condições legais. Como o nome indica, são carros roubados que têm suas características adulteradas para ficarem iguais a outros automóveis legais, do mesmo modelo, ano e cor do que foi levado pelos ladrões.
A tática permite que a quadrilha revenda veículos sem que o novo dono perceba que está dirigindo um carro roubado. Às vezes, ele leva anos para descobrir a fraude e da pior maneira: algum perito zeloso examina com cuidado o chassis do automóvel, num exame de rotina, e verifica algum detalhe que indica adulteração. Difícil de ver a olho nu.
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Aí, começa o pesadelo para o comprador do "carro bichado". Ele até pode pedir permissão ao Detran para usar o veículo, mas não pode revendê-lo. Amarga o prejuízo e uma falta de confiança, irrecuperável, no mercado de carros usados, que sai abalado do episódio.
Junto com os desmanches de peças, a clonagem é o objetivo final da maioria dos roubos de automóveis. Aquela velha noção de que o carro "foi para o Paraguai ou Bolívia" já era: revenda de roubados para o Exterior é parte diminuta desse mercado.
E não pense o leitor que a clonagem é inofensiva. Usavam um carro clonado os ladrões que mataram o soldado Luiz Carlos Gomes da Silva Filho, do serviço reservado da Brigada Militar (P2). Ele recebeu a dica de que era um veículo-fantasma e foi checar. Acabou morto por criminosos do tipo que integra a quadrilha desbaratada hoje pela Polícia Civil. Que está de parabéns. O delegado Juliano Ferreira desencadeou a maior ação contra o mercado de carros roubados realizada neste ano.