Você, que costuma tomar uns goles por aí e zanzar de carro, cuidado: mais do que multado e ter o carro apreendido, você pode ser morto. É isso que se depreende do lamentável episódio envolvendo o engenheiro Vilmar Mattiello. Ele errou ao passar o sinal fechado diante de uma viatura. E errou de novo ao passar correndo, sem parar, por outros PMs que tentavam detê-lo. Mas era motivo para pagar com sua vida?
Engenheiro é baleado por policial e morre após se recusar a parar em abordagem na zona sul da Capital
Não. O simples fato de uma pessoa evitar a abordagem da polícia não significa que ela é foragida da Justiça ou sequer que é criminosa contumaz. Pode ser apenas um cidadão assustado e com temor de levar uma multa, como parece ser o caso de Mattiello. O problema é que muitos PMs gaúchos parecem estar com uma síndrome do gatilho fácil. Na dúvida, atiram, usando pistolas e espingardas, quando poderiam tentar um bloqueio de veículo, o uso do megafone, as sirenes, qualquer técnica dissuasória que não uma arma, capaz de exterminar uma vida e uma história, instantaneamente.
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É um problema histórico. Lembro bem de um episódio em São Leopoldo no qual um tenista foi morto com tiro de espingarda porque, ao ser revistado por um PM, se mexeu. Outro episódio em Passo Fundo em que um motoqueiro morreu ao não parar numa barreira da BM. Fossem criminosos tiroteando com os policiais, o disparo dos PMs estaria plenamente justificado. Não eram. Será mesmo que furar um sinal vermelho ou se mexer durante uma abordagem justifica tiros pelas costas?