A reabertura, nesta sexta-feira (1), da contratação de crédito para produtores do Estado afetados pela catástrofe climática deve fazer a fila de pedidos que estavam acumulados andar. Conforme o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), nesse primeiro dia, mais de R$ 3 bilhões foram aprovados na linha de financiamento para capital de giro, com destinação exclusiva a produtores, cooperativas, cerealistas e fornecedores de insumos. Foram mais de 1,9 mil operações, em oito agentes financeiros da rede credenciada, em 257 municípios.
A quantia total agora liberada não será capaz, no entanto, de zerar essa fila, aponta o setor. A razão está na cifra estimada por instituições financeiras e mencionada em reunião com produtores: R$ 19,5 bilhões.
— Não tenho nenhuma dúvida de que é insuficiente — diz Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Produtora rural e uma das coordenadoras do Movimento SOS Agro, Graziele de Camargo reforça que o recurso liberado agora "foi novamente insuficiente":
— Muitos produtores não puderam nem protocolar o pedido junto às instituições financeiras porque estavam com restrições. Há tempos vínhamos alertando o governo federal de que isso aconteceria, que muitos ficariam de fora de qualquer solução.
O motivo para isso, acrescenta Graziele, está no fato de que a lei de desnegativação — que permite "limpar o nome" de pessoas físicas e jurídicas com restrições de crédito — "não funciona". Da mesma forma, o fundo garantidor "não garante".
— É importante iniciar (a contratação), mas a operacionalização está muito difícil, os produtores ainda não estão conseguindo acessar — reforça Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Por meio de seus interlocutores, o Planalto sinalizou que novos aportes serão feitos em caso de necessidade. O problema é que o calendário da safra avança em um ritmo diferente do trâmite burocrático de eventuais novas liberações. A possibilidade do agro utilizar os recursos do Fundo Social para tomar crédito via BNDES, para quitar financiamentos em aberto, foi anunciada na Expointer, que terminou no dia 1º de setembro.