Foi com o teste de PCR, que ficou conhecido em razão do uso no diagnóstico da covid-19, que pesquisadores conseguiram identificar uma nova praga nas lavouras. O problema, que primeiro deu as caras no Cerrado, já cruzou limites e foi confirmado nesta safra no Rio Grande do Sul. Trata-se da anomalia da soja, que leva à podridão de grãos e quebramento de haste.
Os sintomas da doença primeiro surgiram no Mato Grosso. Mas foi após um trabalho de pesquisa, em parceria de 20 entidades, incluindo Embrapa, Fundação MT, Fundação Rio Verde, Proteplan e Universidade de Passo Fundo, e a empresa Syngenta, que veio a confirmação do que se tratava. Ao todo, 540 amostras foram coletadas e enviadas para análise laboratorial.
— Nós conseguimos diagnosticar a causa do problema com o trabalho conjunto. Foi possível concluir que a anomalia é causada por fungos — explica Bruno Zuntini, líder do portfólio de fungicidas da Syngenta e um dos coordenadores da pesquisa.
A podridão dos grãos e quebramento da haste são causados por fungos principalmente dos gêneros Diaporthe/Phomopsis e Colletotrichum.
— O detalhe dessa doença é que é complexa e tem um passado no Brasil — explica Lucas Navarini, doutor em Fitopatologia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
É uma referência a um grave problema enfrentado no país no final da década de 1980, início de 1990, que era o cancro da haste, causado por um fungo do gênero Diaporthe.
— O que temos hoje é uma nova espécie desse fungo produzindo sintomas agressivos em soja. Trazendo perdas econômicas de novo — acrescenta Navarini.
A confirmação molecular do fungo permitiu que a Syngenta obtivesse registro para produtos usados no controle químico do problema. O manejo inclui ainda outros pilares.