A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Na lista dos impactos causados pelo El Niño, a maçã aparece como uma das culturas. O excesso de chuva decorrente do fenômeno fez com que uma importante parte do ciclo de desenvolvimento fosse afetada. O resultado será de frutas menores na colheita, que avança. Considerando todo o Rio Grande do Sul, o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), José Sozo, estima que a produção tenha um recuo de 6% a 10% – ficando entre 450 mil toneladas e 470 mil toneladas:
– Não será uma grande safra. Houve muita chuva na época da florada. A gente se assustou, porque chovia, caía flor e a abelha não trabalhava. O bom é que mais tarde houve outras florações, tanto que devemos ter de três a quatro passadas
(de colheita, quando em anos normais é de duas a três). Foi o que nos salvou.
Além da colheita tardia e do impacto na produtividade, Sozo cita como outro desafio da safra o custo mais alto de produção:
— Chovia dois dias, tratávamos (o pomar), chovia de novo, tínhamos que tratar de novo.
No principal produtor da fruta, Vacaria, que colheu mais da metade da produção gaúcha no ano passado, a safra trouxe inúmeros desafios aos produtores. Nos 12 pomares que assessora, o engenheiro agrônomo José Alexandre Padilha de Souza estima uma perda de 20%.
– Foi uma safra bem problemática por questão de doença, já que a primavera foi muito chuvosa e houve um período muito curto para tratamento. E, agora, vemos a diminuição da chuva e um problema de calibre da fruta — analisa Souza.
A produção gaúcha, somada à de Santa Catarina, representa 98% da nacional, segundo Sozo.