A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Pioneiro nas pistas do Freio de Ouro, Vilson Souza, primeiro vencedor e cinco vezes campeão da prova, continua deixando um legado nas pistas do cavalo crioulo. É por meio do instituto, criado pelo neto Pablo Souza em Bagé, que se mantém viva a memória do multicampeão, falecido aos 85 anos em 2020. Mais do que contar uma história vitoriosa, o espaço que completa agora um ano mostra que a atividade pode ajudar a trilhar caminhos de superação.
— Não é para falar sobre o ginete do século que ele foi. É para falar do ser humano, dos valores que ele trouxe para competição do Freio de Ouro, para a raça crioula. É uma forma de expressar a gratidão pelo meu avô — frisa Pablo.
Localizado na estrada do Forte Vilson Souza de Bagé, o Instituto Vilson Souza tem duas áreas de atuação: a equoterapia e a escola de ginetes. Na primeira, 20 crianças com autismo têm no contato com os cavalos uma terapia assistida. Na segunda, recebe alunos de três escolas cívico-militares de Bagé. As duas iniciativas têm parceria com a prefeitura do município, que ajuda a selecionar as crianças e os adolescentes a terem aulas no local. Além das turmas rotativas, que, neste ano, devem somar 100 alunos, o instituto também tem quatro profissionais que ministram as aulas.
A escolha das atividades não foi mera coincidência. Tem relação com a história de Vilson. Nascido em Uruguaiana em 1934, ele serviu, quando jovem, no 8º Regimento de Cavalaria em Uruguaiana. Foi lá que aprendeu noções de equitação,que hoje são ensinadas no instituto.
— Na época, isso foi o diferencial. Aprendeu a domar. Quando saiu do Exército, saiu diferente, com conhecimento que muitas pessoas não tinham relacionado ao cavalo — conta Pablo.
Em 1982, Vilson finca suas botas na areia da história do parque Assis Brasil, em Esteio, ao conquistar o primeiro Freio de Ouro. Até 2001, ele seguiu competindo, todos os anos. Decidiu se aposentar das pistas aos 67 anos, com cinco Freio de Ouro, quatro Freio de Prata e dois Freio de Bronze — quando atingiu outro fato histórico, o ginete mais longevo a competir em pista —, para cuidar do seu centro de treinamento de cavalos. É a Cabanha Marca 2, que, segundo Pablo, foi o primeiro centro de treinamento do Estado, criado em 1990.
— Hoje, todo ginete que compete no Freio de Ouro tem. Ele foi o primeiro — salienta.
Anos mais tarde, em 2006, Vilson teve um AVC que acabou limitando os seus movimentos. E foi na equoterapia que aprendeu novamente a montar.
— Insistência dele. A família ficou receosa em um primeiro momento que pudesse se machucar — recorda Pablo.
Atualmente, a demanda do instituto é muito grande nas duas modalidades, mas principalmente na equoterapia, conta Pablo:
— Não são todas as crianças que têm algum tipo de terapia no município. Então, a gente tenta encaixar aquelas que não têm nada. Trabalhamos com essas crianças cerca de três meses e fazemos um rodízio, para que várias passem pelo projeto.
E essa iniciativa de inclusão também trouxe resultados nas pistas. Ismael Peixoto, 15 anos, aluno do Instituto conquistou o segundo lugar no Inclusão de Ouro (modalidade do Freio de Ouro para pessoas com deficiência) neste ano.
Na escola de ginetes, o principal efeito é a divulgação do mercado profissional no meio equestre, avalia Pablo, com a apresentação de diversas profissões relacionadas à atividade.
Como entrar em contato
Quem se interessou pelo instituto pode entrar em contato pelo instagram, @institutovilsonsouza, ou pelo whatsapp, pelo celular 53 99962-0438.