Propostas novas foram colocadas à mesa pela comitiva do governo federal que passou nesta quinta-feira (28) pelo Estado, mas a concretude das ações — e a celeridade (ou a falta de ) — preocupa representantes do setor agropecuário. A segunda visita de integrantes do Planalto ao Vale do Taquari foi organizada para que questões relativas aos efeitos das cheias pudessem ser tratadas. A presença de ministros como o do Desenvolvimento Agrário, no entanto, fizeram com que produtores buscassem também respostas para a crise no leite — agravada pela enchente.
Sobre essa temática, apareceu a proposta estudada por Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Ministério da Fazenda para um subsídio a produtores de leite.
— Nunca foi feita uma política de subvenção, não é um exercício simples — disse à coluna Edegar Pretto, presidente da Conab.
O dirigente explicou que estão sendo cruzados dados para montar um valor referência — média de preço em cada um dos Estados. Isso será conjugado com outros fatores para se avaliar a execução e o alcance da medida.
— Achamos que tem de ter uma medida para atravessar esse período de uma maior produção nacional (a safra), quando historicamente os preços baixam — diz Pretto.
Uma possibilidade seria fazer o pagamento a produtores de até um volume de litros de leite, por um período determinado. Outra medida em análise é a criação de benefício fiscal para empresas que compram só leite produzido no Brasil.
Embora reconheça o empenho do governo, bem como a importância da visita, Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), avalia que “não se avançou muito”:
— O que veio foi mais promessa do que de fato alguma coisa mais concreta.
Reforçando a urgência do tema, o coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do RS (Fetraf), Douglas Cenci, vê como importante a compreensão da necessidade de subvenção, mas pondera:
— O tema está em pauta desde março. Não tem mais espaço para perder muito tempo. Entendemos que os governo do Estado e dos municípios também podem contribuir, afinal, a atividade é essencial ao RS.
Coordenador da Frente Gaúcha da Agropecuária, o deputado Elton Weber considera que tudo que vier para ajudar conta, mas entende que, na prática, as coisas “são muito incipientes”. Ele também classificou como “frustrante” e “insuficiente” as medidas para produtores afetados pelas cheias.
O governo sinalizou a liberação de R$ 1 bilhão em linhas do Pronaf, voltadas à agricultura familiar, sem juro. Estão aptos a buscá-las, agricultores de municípios com decreto de calamidade pública, o que limita a abrangência.
— É boa a medida, mas tem de se esperar a regulamentação para ver qual o alcance — observa Joel.