A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Inundadas parcial ou completamente pela chuva, as plantações de cebola do Estado devem carregar o efeito do excesso de umidade para a colheita. Um levantamento do real prejuízo está sendo realizado pela Emater, mas já se sabe que volume e qualidade serão afetados na safra gaúcha da hortaliça.
Em São José do Norte, principal produtor de cebola no Estado, a produção cultivada em 1,75 mil hectares poderá ser 20% menor neste ano, projeta o Cepea, da Esalq/USP. Com cerca de 400 milímetros de chuva apenas na primeira quinzena de setembro, há relatos de perdas de até 50%.
Para Pedro Farias, extensionista rural da Emater no município, o principal problema até agora está no desmoronamento de canteiros, levantados a 20 centímetros de altura e “lavados” pela água:
— Perdeu-se parte da adubação. Agora, a cebola tem certa capacidade de sobreviver a alguns dias de alagamento. É cedo para falar em perdas. Tem mais cem dias pela frente.
Em Rio Grande, com 220 hectares plantados, os prejuízos devem ser de 15% a 20%, estima Aldair Gaiardo, extensionista rural da Emater municipal. Com a chuva forte, houve acúmulo de água na Lagoa dos Patos, que foi em direção às lavouras.
— As lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, não é uma fase em que está definida a produtividade. O impacto é relativo, a gravidade deve ser vista nos próximos dias – diz Gaiardo.
Em Tavares, onde foram semeados 270 hectares, as perdas, por ora, não foram tão significativas, afirma a extensionista rural municipal da Emater Sarah Fiorelli de Carvalho:
— Teve lavouras que ficaram submersas. A água está baixando, mas o problema é a previsão de mais chuva.
A colheita da cebola nesses três municípios começa em novembro. A produção inicial era estimada em pelo menos 68,5 mil toneladas. O fornecimento no Estado, no entanto, não deve ser afetado significativamente, na avaliação de Ronaldo Clasen, gerente regional da Emater de Pelotas, já que o RS produz em apenas uma época e precisa comprar no restante do ano de outros Estados. O impacto maior é nas famílias, continua, — a maioria agricultura familiar.