Se as projeções de safra feitas pela Emater nesta terça-feira (29) na Expointer se confirmarem, o Rio Grande do Sul não só está recuperando a produção perdida para a estiagem, como também tem a perspectiva de voltar a obter um crescimento real. Porque pode retomar a expansão do ponto em que ela freou com a imposição de perdas pela falta de chuva. A soja, cultura de maior expressão na safra de verão, poderá chegar à marca inédita de 22,4 milhões de toneladas. Isso tem um valor maior do que o percentual em si de expansão: 73% sobre o resultado colhido no verão passado. Na última colheita cheia do grão, em 2021, o volume havia ultrapassado pela primeira vez a barreira das 20 milhões de toneladas.
—Encerrando um ciclo de estiagem que o Rio Grande do Sul experimentou nos últimos anos, nesta safra de verão temos estimativas positivas quanto à distribuição chuva e também traz ânimo para os números que foram apontados nos levantamentos feitos — destacou o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera.
No milho, as 6,06 milhões de toneladas esperadas para a produção representam o maior volume desde 2017, conforme o histórico de safra compilado pela Emater a partir de dados do IBGE. Diferentemente da soja, esse grão vem sofrendo com prejuízos com a estiagem nos últimos três ciclos seguidos. Em se confirmando a estimativa, vão respirar um pouco mais aliviados não só os produtores, mas também outros segmentos do agro que dependem desse insumo, como o da indústria de carnes. Importante lembrar que o RS, mesmo em anos de safra cheia, não é autossuficiente nessa cultura. Ou seja, precisa trazer de fora o produto para dar conta da demanda.
Nos dois grãos, o mercado está hoje em um patamar menos favorável do que em igual período do ano passado. Tanto que o arroz promete avançar em área, com encolhimento de soja e milho na rotação em áreas de várzea. Os preços do cereal têm se mostrado atrativos. O radar de atenção dos arrozeiros vem da perspectiva de influência do El Niño, fenômeno que costuma trazer mais chuva ao Estado. Como a cultura é 100% irrigada, por alagamento, o excesso de chuva pode ser prejudicial.
No levantamento da intenção de plantio de arroz, a diretora técnica do Irga, Flávia Tomita, pontuou que anos sob a influência do El Niño tendem a ser de menor produtividade na cultura.