É com os olhares atentos de aves de rapina que o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) buscará proteger suas lavouras na estação experimental em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, a partir deste ano. Com visão apurada, terão a missão de manter longe animais como chupins e pombas-domésticas, e ratões do banhado, que acabam provocando perdas. Em busca de comida, acabam danificando a área e afetando anos de pesquisa, explica a diretora técnica, Flávia Tomita:
— A gente fala que (o dano) é incalculável porque, quando perdemos uma parcela, às vezes é uma cultivar inteira que atrasa um ou dois anos para ser lançada.
A autarquia já havia feito outras tentativas, conta Flávia. Foguetes, redes e até gavião robô para espantar os animais. Mas foram falcões e gaviões reais, fornecidos em por uma empresa especializada, a Charrua Falcoaria, que mais surtiram efeito. Foram contratados por quatro anos, em modelo experimental.
O trabalho tem como objetivo assustar passarinhos e ratos durante todo o ano. O período mais crítico é quando o arroz está em fase de enchimento de grãos, que coincide com o período reprodutivo das aves. Para isso, são usados dois falcões-peregrinos, três falcões-de-coleira e três gaviões-asa-de-telha.
Inclusive, cada animal é utilizado conforme sua habilidade natural, explica o biólogo Julian Stocker, que é dono da empresa. O falcão-peregrino, por exemplo, é rápido, voa alto e é utilizado para sobrevoar e afugentar presas em bando. Já o falcão-de-coleira não voa tão alto. O objetivo de usá-lo é para caçar mais próximo da altura do solo. E o gavião-asa-de-telha é mais forte e mais lento. A empresa o solta de dentro de um carro, quando avista as aves.
— Soltamos os falcões para afugentar os animais nos horários em que são mais ativos, no início da manhã e no final do dia. O objetivo é afugentar, não capturar — esclarece o biólogo Julian Stocker, que é dono da empresa.
Ainda que esses animais sejam acostumados a fugir dos predadores, Stocker adianta que a empresa também toma o cuidado de soltar o falcão um pouco depois deles terem o percebido. Caso algum animal seja capturado, é levado para uma avaliação veterinária e, posteriormente, feita a soltura em outra área.
*Colaborou Carolina Pastl